Entre fé e “lealdade”. As manobras decisivas nos escrutínios ímpares. Artigo de Alberto Melloni

Foto: Vatican Media

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01 Mai 2025

"Render-se por convicção ou por medo de que se diga que a Igreja “está dividida” (é claro que está dividida: é por isso que o Papa é eleito)", escreve Alberto Melloni, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de Ciências Religiosas João XXIII, de Bolonha, publicado por Corriere della Sera, 29-04-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Os cardeais eleitores e, com eles os mais idosos excluídos do Conclave, estão tentando identificar quem poderá ser o bispo de Roma e exercer o ministério de Pedro, que é de unidade. Eles devem procurar a pessoa da qual as Igrejas particulares - “nas quais e das quais” (diz o Vaticano II) a Igreja universal é feita - ouvirão o Evangelho que fala das dobras da História. Eles o fazem com a luz da fé e num burburinho informativo que, no entanto, no final, desnuda as intenções e as astúcias, as atenções e as insinceridades que agora tomam forma - sob o olhar atento daqueles acima dos oitenta anos e o olhar ainda mais atento daqueles acima dos noventa; e que depois serão examinadas e analisadas quando sozinhos, no silêncio, começarem os escrutínios nos quais cada um deles não irá com um nome, mas com vários nomes e entre os quais os escrutínios “ímpares” contarão mais do que os outros. O escrutínio número 1, de fato, é aquele em que quem tem uma prioridade escolhe o nome que melhor a expressa. Nessa votação, o tamanho do consenso não é decisivo (em 2013, Bergoglio começou com 12 votos).

O que conta mais é verificar se quem acreditava ter muitos votos, de fato os têm. Porque quem não sabe distinguir entre cardeais sinceros e insinceros perde rapidamente toda a sua força (foi o que aconteceu então com o Cardeal Scola). Na manhã seguinte, no escrutínio número 3, ocorre uma passagem muitas vezes decisiva. Uma parte daqueles que na noite anterior escolheram quem tinha a mesma prioridade votará no segundo nome que tinha em mente: e é aí que se vê se uma minoria que se condensa rapidamente é capaz de encontrar um terço dos votos, ou seja, aquele bloco que impede até mesmo o candidato mais forte de seguir em frente sozinho.

Em 2005, foi Bergoglio quem atingiu tal limiar: Ratzinger reagiu colocando aquela gola alta preta na hora do almoço para expressar sua renúncia à corrida. E foi o Cardeal Martini que reagiu circulando pelas mesas e cortando as asas de Bergoglio, que, segundo ele, perderia em um duelo subsequente, em que ele temia ver o cardeal argentino competindo com o Cardeal Ruini, que ainda está muito empenhado em dar a sua contribuição para um Conclave no qual não vota. O outro escrutínio decisivo será o de número 5, na segunda noite do Conclave. Ali, o colégio poderia se render à pessoa que tiver um consenso próximo o bastante de dois terços e a tornar Papa. Render-se por convicção ou por medo de que se diga que a Igreja “está dividida” (é claro que está dividida: é por isso que o Papa é eleito). Ou resistir, caso em que se começa do zero no dia seguinte, quando, depois de descartar os nomes mais conhecidos, continua-se a procurar: como foi o caso de Wojtyla, por exemplo, depois que um duelo entre italianos colocou todos eles fora da disputa, e deu início à dinastia dos papas não italianos que, daqui a nove dias, saberemos se continuará.    

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