Patriarca Michel Sabbah lamenta a "infindável Sexta-feira Santa da Palestina, o 'poço da morte'"

Foto: Mohammed Ibrahim | Unsplash

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24 Abril 2025

  • Nunca a jornada desta interminável Sexta-Feira Santa na Palestina foi tão dolorosa e a cruz tão pesada.

  • No Santo Sepulcro, sentimos como se estivéssemos descendo ao 'poço da morte' que agora é toda a nossa terra, de Gaza à Cisjordânia.

  • Milhares de mortos e milhares de feridos, cidades e vilas destruídas. Eles semearam a morte por toda parte, com colonos ocupando toda a Palestina.

  • Apesar de tudo, não desistiremos e continuaremos a invocar a Deus com os salmos da Sexta-feira Santa, continuaremos a esperar no Senhor que pode nos tirar do poço da morte.

O artigo é de Michel Sabbah, Patriarca Emérito de Jerusalém, publicado por Religión Digital, 17-04-2025.

Eis o artigo.

Senhor, nunca a jornada desta interminável Sexta-feira Santa na Palestina foi tão dolorosa e a cruz tão pesada. No Santo Sepulcro, ao subirmos os degraus do Calvário aguardando o retorno dos peregrinos, sentimos como se estivéssemos descendo ao “poço da morte” que agora é toda a nossa terra, de Gaza à Cisjordânia.

Milhares de mortos e milhares de feridos, cidades e vilas destruídas. Eles semearam morte por toda parte, tanques, soldados e colonos ocupam toda a terra da Palestina. Mas, apesar de tudo, não desistiremos e continuaremos a invocar a Deus com os salmos da Sexta-feira Santa, continuaremos a esperar no Senhor que pode nos tirar do poço da morte (Salmo 40,2-3).

Aqui mesmo em Jerusalém, Deus enfrentou a rejeição dos homens e suportou o mal que sempre atinge os inocentes. O Filho de Deus habitou nesta cidade para redimir o mundo inteiro da morte, e sobre ela chorou e orou: "Se vocês tivessem conhecido o que traz a paz!" (Lucas 19,42).

Que a Via Sacra deste ano nos leve pela Cidade Santa, onde reina o pecado da guerra, e por toda a Terra Santa, onde os grandes da terra só sabem semear a violência e o medo.

Caminhamos com vocês pelas estradas devastadas de Jenin e Tulkarem, carregando a cruz de um povo oprimido e esquecido pela justiça dos homens.

Caminhamos com vocês entre os escombros dos hospitais atacados e destruídos, com aqueles que ainda tentam ajudar e salvar, carregando a cruz pesada demais de Gaza.

Caminhamos com vocês entre os deslocados, forçados pela enésima vez a abandonar suas casas ou tendas, carregando a cruz de todos os sobreviventes do massacre na Faixa.

Caminhamos e permanecemos contigo, Senhor, durante horas nos postos de controle da Cisjordânia que isolam nossas cidades, carregando a cruz de um povo crucificado.

Acreditamos somente em ti, ó Deus: tu venceste a morte e restauraste a vida e a esperança ao mundo. Atende ao clamor dos que sofrem e livra-nos do abismo da morte.

Senhor Jesus, tu és testemunha da loucura e da crueldade do homem, converte os corações de todos à humanidade e salva a Terra Santa e o mundo inteiro do flagelo da guerra. Amém.

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