Cardeal Bo, após o terremoto em Mianmar: Foi um momento aterrorizante, meu carro se movia sem controle

Foto: Reprodução | Twitter

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31 Março 2025

  • No carro estava o arcebispo de Yangon e presidente dos bispos do país no momento do dramático terremoto: Vimos enormes crateras se abrindo na estrada. As pessoas fugiam em busca de segurança. Foi um momento de medo para todos.

  • O apelo para que a ajuda humanitária chegue rapidamente à população e por uma trégua nas hostilidades em curso. A proximidade do Papa, um bálsamo de consolo para as pessoas.

A informação é publicada por Vatican News, e reproduzida por Religión Digital, 30-03-2025. 

Foi impactante ver como a natureza agravava o sofrimento das pessoas que vivem em áreas já afetadas por quatro anos de violência, colapso econômico e deslocamento forçado. O cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon e presidente da Conferência Episcopal de Mianmar, expressa aos meios de comunicação do Vaticano toda a dor pelo desastroso terremoto de magnitude 7,7 que atingiu a região de Mandalay.

O sismo já causou mais de mil vítimas em Mianmar e mais de 2.300 feridos, com a triste certeza de que, assim que os escombros dos prédios destruídos forem removidos, o número de mortos aumentará significativamente. Centenas de pessoas estão desaparecidas, três mil edifícios desabaram e dezenas de estradas e pontes sofreram graves danos. Um terremoto que, segundo o cardeal, agora é chamado de "o grande terremoto do século".

No momento do terremoto, o cardeal percorria de carro os locais mais afetados pelas mortes e pela destruição. "Enquanto atravessávamos o trânsito bloqueado, vimos enormes crateras se abrindo na estrada. Nosso carro se movia incontrolavelmente, assim como todos os outros veículos. Foi um momento aterrorizante para todos nós".

O cardeal Bo descreve as "cenas dramáticas de homens e mulheres correndo pelas ruas em busca de segurança", explicando que já fez um apelo "a todas as partes envolvidas para que recebam ajuda humanitária urgente, para um acesso sem obstáculos às populações afetadas e para um cessar-fogo de todos os grupos em conflito". A preocupação se refere especialmente à distribuição da ajuda que, devido à violência, "poderia ser dificultada pelos distúrbios dos grupos armados", em referência "às partes de ambos os lados".

A reconciliação, o diálogo e a paz continuam sendo "a única solução", embora, por enquanto, o melhor canal para levar ajuda aos necessitados sejam os grupos religiosos e a Igreja Católica. O cardeal informa que ativou "um plano de resposta à emergência" chamado MERCI (Myanmar Earthquake Response Church Initiative – Iniciativa da Igreja em Resposta ao Terremoto em Mianmar) e convocou uma reunião entre representantes da Igreja e o pessoal da Cáritas de todas as áreas afetadas.

A Cáritas nacional e os escritórios diocesanos tomaram medidas para intervir na diocese de Mandalay, que é a mais atingida, e responder rapidamente às necessidades, em colaboração com as autoridades locais, líderes religiosos e organizações humanitárias. Nas áreas afetadas, as comunicações não funcionam, não há internet e há muito pouca eletricidade. "As pessoas precisam de tudo: alimentos, abrigo, remédios e todos os materiais necessários para salvar vidas", continua Bo, enquanto organizações não governamentais alertam sobre a emergência sanitária, com hospitais que já eram mal equipados desde o início, com equipamentos inadequados e que agora estão colapsando.

As palavras do Papa, "bálsamo de consolo"

"Mais do que tudo, nosso povo precisa de paz, não da angústia de tudo o que está vivendo." Para o povo, "o bálsamo de consolo" foram as palavras do Papa que, "apesar de sua recente enfermidade", expressou sua proximidade com um telegrama. Além disso, "durante os últimos quatro anos difíceis", ele sempre demonstrou solidariedade com seus apelos, que "consolaram constantemente o povo".

São as lágrimas, neste momento, as que unem uma população devastada pelo sofrimento, continua o cardeal Bo, porque quando "a natureza ataca, os seres humanos esquecem todas as suas diferenças, e se conseguimos sobreviver como espécie, é porque somos capazes de nos comover com as lágrimas de outros que, em qualquer lugar, seja na Tailândia ou em Mianmar, estão em comunhão".

O arcebispo de Yangon garante assim a proximidade da Igreja com o país: "Sentimos sua dor, estaremos ao lado de todos neste momento de dor para ajudar a curar as feridas. Demonstramos isso após o tsunami, demonstramos isso após o ciclone Nargis, também superaremos esta crise, porque a compaixão é a religião comum em tempos de desastres naturais".

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