07 Março 2025
"Deixemo-los estrilar. Em vez disso, aqueles que forem assistir a essa reportagem pungente e irrefutável descobrirão nos olhares dos dois protagonistas, o palestino Basel e o israelense Yuval, a única luz de esperança para o futuro dos dois povos: o surgimento de uma classe dirigente alternativa aos fanáticos", escreve Gad Lerner, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 04-03-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
A espantosa saraivada de injúrias, ameaças físicas, pedidos de expulsão e até mesmo excomunhão dirigida aos 200 judeus italianos que assinaram o apelo contra a limpeza étnica em Gaza e na Cisjordânia é, na minha opinião, amplamente compensada pelo Oscar 2025 de Melhor Documentário para No Other Land, de um coletivo israelense-palestino composto por Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham.
Ao receberem suas estatuetas no palco de Los Angeles, os vencedores declararam: “Estamos entrelaçados. Nunca estaremos seguros se outros não estiverem seguros. A destruição de Gaza precisa acabar, os reféns israelenses precisam ser libertados”. E juntos acrescentaram: “Pedimos ao mundo que tome medidas sérias para parar a injustiça e a limpeza étnica do povo palestino”.
São as mesmas palavras, “NÃO à limpeza étnica”, que assinamos com nome sobrenome na Itália, nos Estados Unidos e na Austrália para nos distanciarmos do plano de expulsão dos habitantes de Gaza proposto por Trump; e da demolição em andamento de tantas aldeias palestinas na Cisjordânia, como justamente Masafer Yatta, descrita em No other land, com ação conjunta entre colonos e soldados israelenses.
Também choverá sobre os autores do documentário a acusação de ter traído seu povo, de não serem bons judeus ou verdadeiros combatentes. O ministro da Cultura de Israel já falou em “sabotagem” e “difamação”, enquanto espera que alguém tache também os jurados de Hollywood de antissemitismo.
Deixemo-los estrilar. Em vez disso, aqueles que forem assistir a essa reportagem pungente e irrefutável descobrirão nos olhares dos dois protagonistas, o palestino Basel e o israelense Yuval, a única luz de esperança para o futuro dos dois povos: o surgimento de uma classe dirigente alternativa aos fanáticos.