17 Fevereiro 2025
Uma página inteira da edição de 13 de fevereiro de The New York Times é ocupada por um anúncio em que se lê em grandes caracteres “Trump pediu a remoção de todos os palestinos de Gaza. O povo judeu diz não à limpeza étnica!” O anúncio é seguido por mais de 350 nomes de rabinos e de celebridades judias americanas.
A reportagem é publicada por 7 Margens, 14-02-2025.
Esta posição pública ostensivamente contra o plano de Trump levar os Estados Unidos a assumirem o controle da Faixa de Gaza depois de expulsar os seus residentes palestinianos para os países vizinhos já tinha sido formulada durante esta semana pelas duas maiores denominações judaicas americanas, os movimentos reformista e conservador. A Assembleia Rabínica, que representa o movimento conservador, classificou o plano do Presidente como “um anátema para os valores judaicos e para o direito internacional dos direitos humanos”. A União para o Judaísmo Reformista disse que esvaziar Gaza “não era uma ação estratégica nem moral aceitável”.
O anúncio em The New York Times foi financiado por doadores progressistas que fazem parte da “Campanha In Our Name”, um grupo filantrópico de judeus que procura angariar 10 milhões de dólares para organizações que “apoiam os esforços liderados pelos palestinianos para construir segurança, dignidade e autodeterminação na Palestina”.
Apesar disto, comenta o Religion News Service de dia 14 de fevereiro, “as organizações judaicas americanas do establishment emitiram posições neutras [sobre o plano de Trump], verdadeiras não-declarações. E várias das grandes instituições judaicas, que normalmente oferecem apoio incondicional a Israel, permaneceram silenciosas”.
Notícia no jornal The New York Times (Foto: 7 Margens).
A Conferência dos Presidentes das Principais Organizações Judaicas Americanas, as Federações Judaicas da América do Norte e a AIPAC, o grupo de lobby pró-Israel, não responderam publicamente à proposta sobre Gaza.
Esta presença de judeus e organizações judias criticando nos media as posições de Trump contrasta com vários anúncios pró-Trump surgidos durante a última campanha eleitoral, de que foi exemplo o clip transmitido em canais televisivos nos Estados do Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada e Pensilvânia em meados de outubro do ano passado e que terá custado ao grupo Coligação Republicana Judia um pouco mais de 360 mil dólares.
Entretanto, um juiz federal norte-americano, Amir Ali, ordenou na noite de quinta-feira 13 de fevereiro que a Administração Trump restabeleça de imediato o financiamento a centenas de empresas e organizações não-governamentais parceiras da USAID.
“Pelo menos até à data, os réus [a Administração Trump] não deram qualquer explicação sobre por que razão uma suspensão geral de toda a ajuda externa autorizada pelo Congresso que (…) constitui um instrumento racional para a revisão dos programas [de ajuda aos países mais pobres]”, argumentou o juiz Ali, lembrando que tal suspensão “desencadeou uma onda de choque e minou a confiança de milhares de acordos com empresas, organizações sem fins lucrativos e organizações em todo o país”.
Veja a nota na íntegra aqui.