16 Agosto 2024
Os manifestantes invadiram os aeroportos de Berlim, Stuttgart, Nuremberg e Colônia para pressionar o governo alemão pela proibição da queima de combustíveis fósseis até 2030.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 16-08-2024.
Ativistas do grupo de jovens Letzte Generation (“Última Geração”, em Português) invadiram os aeroportos de quatro das maiores cidades do país e obstruíram a passagem de aviões. Os manifestantes se colaram na pista para dificultar a retirada pelas forças policiais.
A ação aconteceu nos aeroportos de Berlim-Brandemburgo, Colônia-Bonn, Nuremberg e Stuttgart, o que resultou na suspensão parcial das operações e em atrasos nas decolagens e pousos. Os ativistas abriram buracos em cercas com alicates, colaram-se no asfalto e ergueram cartazes com mensagens como “O petróleo mata” e “Assine o tratado”.
A última mensagem é direcionada ao primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, criticado por não se esforçar por um acordo internacional de não proliferação de combustíveis fósseis até o final desta década. Os manifestantes acusam Scholz de se omitir diante de uma ameaça existencial à sobrevivência das gerações mais jovens e futuras.
“A extração de petróleo, gás e carvão deve parar urgentemente porque destrói os nossos meios de subsistência”, explicou a estudante Regina Stephan, integrante do Letzte Generation, em nota publicada pelo grupo. “Enquanto nossos líderes trabalharem de mãos dadas com as empresas de combustíveis fósseis e colocarem o lucro acima da vida humana, estaremos aqui, na pista.”
A ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, condenou a manifestação e pediu que os ativistas sejam processados e condenados pela Justiça. “Essas ações criminosas são perigosas e estúpidas”, criticou. O Letzte Generation respondeu reiterando a inação das autoridades do país. “O que é perigoso é seu fracasso político [na questão climática]”, destacou o grupo, citado pelo Guardian.
Associated Press, Deutsche Welle, Euronews e Reuters repercutiram a ação.
Em tempo: Um novo estudo liderado por cientistas do Imperial College London (Reino Unido) descobriu que as aeronaves comerciais mais modernas podem estar contribuindo tanto quanto suas versões mais antigas para o aquecimento global. Isso porque os rastros de condensação gerados por esses aviões no voo em grandes altitudes são mais volumosos e duram mais do que aqueles gerados por aeronaves mais velhas, embora os aviões modernos emitam menos carbono. O estudo foi publicado na revista Environmental Research Letters. A CBS News deu mais detalhes.
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