16 Julho 2024
Em seu primeiro apelo político após a excomunhão, o ex-arcebispo Carlo Maria Viganò o lança a favor do "guerreiro" Donald Trump, após o atentado na Pensilvânia: "Aos ataques criminosos anteriores contra líderes políticos declaradamente antiglobalistas (Robert Fico, da Eslováquia, e Victor Orbán, da Hungria), soma-se agora essa terrível tentativa de eliminar o presidente Donald J. Trump, o principal opositor radical da esquerda radical globalista".
A reportagem é de Fabrizio D'Esposito, publicada por il Fatto Quotidiano, 15-07-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
E mais: "Somos profundamente gratos a Nosso Senhor que salvou esse corajoso guerreiro, a quem não faltou força para se levantar e convidar seus apoiadores para combater. Exorto todos os católicos, os patriotas estadunidenses e as pessoas de boa vontade a rezar a Nosso Senhor”. A torcida de Viganò por "Donald" está consolidada há tempo (tanto para ele quanto para Putin): na eleição presidencial dos EUA há quatro anos, o próprio Trump o agradeceu publicamente em um tuíte por suas orações eleitorais.
Na frente puramente clerical, no entanto, o apoio a Viganò após a excomunhão do Vaticano por cisma (o ex-arcebispo não reconhece a legitimidade do Papa Francisco) continua a ser de escassa consistência. Na verdade, está se revelando um verdadeiro fiasco a petição a seu favor feita pelo Lifesitenews, site bastante conhecido entre os católicos de direita americanos. Nem mesmo vinte mil assinaturas em uma semana. Para ser preciso, 17.395 até a tarde de ontem. Em compensação, o ex-núncio apostólico dos EUA recebeu a solidariedade de Mel Gibson, o astro do cinema australiano-estadunidense que há vinte anos dirigiu o polêmico filme A Paixão de Cristo.
Em uma carta publicada pela Lifesitenews e retomada pelo Duc in Altum, blog de Aldo Maria Valli, ex-vaticanista da RAI, Gibson consola Viganò assim: "É um motivo de honra ser excluído da falsa Igreja pós-conciliar". Gibson chega até a comparar Viganò a Atanásio, o bispo de Alexandria que, no século IV d.C., combateu a heresia ariana, que subordinava o Filho ao Pai na complexa questão trinitária: "Você é um Atanásio dos nossos dias! Tenho todo o respeito pela maneira como você defende Cristo e a Sua Igreja". Em seguida, Gibson aborda a causa que levou à excomunhão tardia (já são quase dez anos que Viganò insulta o Papa Francisco): "Ser chamado de cismático e ser excomungado por Jorge Bergoglio é como um motivo de honra quando se considera que ele é um apóstata total e o expulsa de uma falsa instituição". De fato, Gibson e Viganò são ambos sedevacantistas, uma corrente tradicionalista que considera Pio XII (Papa Pacelli) o último pontífice legítimo, ou seja, antes do Concílio Vaticano II de João XXIII.
O relacionamento de Gibson com a Igreja também foi atribulado: A Paixão de Cristo foi visto por João Paulo II, que depois comentou: "It is as it was" [é como foi]. E o Vaticano se recusou a condenar o filme por antissemitismo (os judeus como povo deicida) denunciado pelas comunidades judaicas de vários países, incluindo aquela italiana. Aliás, o porta-voz do Papa Wojtyla, Navarro-Valls, respondeu: "Se a Igreja não reagiu, significa que não encontrou os motivos". Hoje Gibson e Viganò fazem companhia um ao outro. E agora rezam juntos por Trump.
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Viganò: "Rezamos por Trump guerreiro". E Mel Gibson excomunga "o apóstata" Bergoglio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU