Dom Carlo Viganò diz enfrentar acusações de cisma por parte do Vaticano

Carlo Maria Viganò | Foto: Franciscal Foundation for the Holy Land

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21 Junho 2024

Ex-núncio papal nos Estados Unidos já desmoralizado, o arcebispo italiano Dom Carlo Maria Viganò anunciou que foi acusado de cisma pelo dicastério doutrinal do Vaticano após um período de seis anos nos quais pediu a renúncia de Francisco e o rotulou de “falso profeta”.

A reportagem é de Christopher White, publicada em National Catholic Reporter, 20-06-2024. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Em 20 de junho, o arcebispo publicou em seu próprio site um decreto de duas páginas do Dicastério para a Doutrina da Fé, ordenando-lhe que comparecesse em um julgamento sobre “declarações públicas que mostram uma negação de pontos necessários para a preservação da comunhão com a Igreja Católica”.

O decreto está datado de 11 de junho e é assinado pelo monsenhor John Kennedy, secretário da seção disciplinar do dicastério doutrinal, solicitando que Viganò se apresentasse no dia 20 de junho às 15h30 para receber formalmente a acusação e as provas contra ele.

Em 2018, Viganò escreveu uma carta de 11 páginas alegando um encobrimento generalizado pelo Vaticano das acusações contra o ex-cardeal Theodore McCarrick e apelou à renúncia de Francisco. Desde então, muitas das acusações que ele alegou foram desacreditadas, mas o arcebispo italiano tornou-se uma espécie de herói para alguns católicos de direita por seu apoio ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela oposição às vacinas contra a Covid-19, pela disseminação de teorias da conspiração ligadas ao Q-Anon e por sua rejeição total ao  .

Embora muitos católicos tenham ignorado o ex-diplomata vaticano, ele continuou usando seu website e suas mídias sociais para promover suas opiniões radicalizadas, e suas publicações são partilhadas por indivíduos de alto perfil, como Trump, e amplamente promovidas em certos bolsões da Igreja Católica dos Estados Unidos.

Nas semanas que se seguiram ao ataque de Viganò contra Francisco em 2018, muitas conferências episcopais em todo o mundo emitiram declarações denunciando especificamente o ex-núncio. A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos não o fez, e mais de duas dezenas de bispos do país emitiram declarações de apoio a Viganò à época.

Em outubro de 2021, o cardeal Marc Ouellet, então chefe da Congregação para os Bispos do Vaticano, escreveu uma resposta inflamada a Viganò, acusando-o de realizar um “trabalho de enquadramento político” e rotulando suas ações como “extremamente imorais”.

Mais recentemente, em 2022, o capelão militar e arcebispo italiano Dom Santo Marciano publicou uma carta aberta a Viganò condenando sua propagação de teorias da conspiração.

Em sua postagem do dia 20 de junho, Viganò disse que considera as acusações feitas contra ele uma “honra”, acrescentando que o Vaticano II é um “câncer ideológico, teológico, moral e litúrgico do qual a ‘Igreja sinodal’ bergogliana é uma metástase necessária”.

Um representante do escritório doutrinal do Vaticano não respondeu imediatamente ao pedido de comentários do National Catholic Reporter. O decreto estabelece que, se Viganò permanecer indiferente até o dia 28 de junho, será condenado in absentia, ou seja, à revelia.

De acordo com o Código de Direito Canônico da Igreja, a acusação de cisma é punível com a excomunhão.

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