25 Junho 2024
"A atuação do Núcleo de Estudos Sociopolíticos nestes 18 anos de existência sempre esteve pautada pela Doutrina Social da Igreja e atenção aos debates e questões enfrentados pelos movimentos sociais e eclesiais. No contexto social, político, econômico e cultural da América Latina e do Caribe é que se deram as conferências recolhidas nesta obra as quais buscaram tatear a partir das práticas, reflexões e articulação dos saberes teológicos produzidos nos últimos cinquenta anos no continente da esperança e da resistência", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul, mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Fundado em 2005, o Núcleo de Estudos Sociopolíticos - NESP integra o Sistema Avançado de Formação, Identidade e Missão da PUC Minas - Anima e constitui-se em um núcleo de reflexão, debate e formação em conteúdos orientadores para uma atuação social engajada na construção do bem comum e na promoção da justiça e da paz, à luz da Doutrina Social da Igreja. Atuando no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão e contemplando diferentes campos do conhecimento, o NESP busca promover a conexão entre saberes acadêmicos e populares, com o objetivo central de auxiliar os participantes de grupos pastorais, movimentos eclesiais e outros coletivos leigos e religiosos no desenvolvimento de sua capacidade de leitura e compreensão pluridimensional da realidade brasileira e, em especial, dos municípios que integram a Arquidiocese de Belo Horizonte, para que, compreendendo seus problemas, causas e consequências, possam promover e ampliar sua atuação social e política.
Nestes dezoito anos de sua existência vem a público a 13ª edição dos Cadernos Temáticos intitulado: Transformações teológicas na América Latina: novos horizontes para a libertação (Paulus, 2023, 440 p.). No Prefácio (p. 11-18), escrito por Claudemir Francisco Alves, Robson Sávio Reis Souza e Rachel de Castro Almeida e na Apresentação (p. 19-29) feita por Eduardo Brasileiro (de onde colhemos as informações que seguem abaixo) -, os organizadores dizem que a presente obra é fruto de uma jornada de aprendizagem, reflexão e perspectivas propostas pela Casa Comum: Escola de Formação Política de Cristãos Humanistas do Núcleo de Estudos Sociopolíticos (NESP) do ANIMA PUC Minas.
O mergulho feito nessas conferências se deu no contexto social, político, econômico e cultural da América Latina e do Caribe. Buscou-se tatear a partir das práticas, reflexões a articulações dos saberes teológicos produzidos nos últimos cinquenta anos no continente da esperança e da resistência. A sequência de textos segue necessariamente a ordem das conferências apresentadas em 2022, com pequenas exceções que foram feitas para melhor continuidade das ideias. A diversidade de pensadores e ativistas são respeitáveis vozes do cenário brasileiro, latino-americano e caribenho, que apresentaram seus saberes, práticas e perspectivas de atuação, assentados neste livro em quatro partes.
Obra é editada pela Paulus (Imagem: divulgação)
Na primeira parte, Horizontes do cristianismo na América Latina: passado, presente e futuro (p. 31-195), oito autores (as) – dom Joaquim Mol, João Pedro Stédile, Maryuri Mora Grisales, Emilce Cuda, Cesar Kuzma, Regina Novaes, Angelica Tostes e Brenda Carranza – percorreram reflexões de diagnóstico do continente, lançando olhares sobre sujeitos e movimentos que impulsionam e até mesmo provocam inúmeras transformações.
Em “O humanismo político e econômico nas transformações da sociedade” (p. 33-44), dom Joaquim Giovani Mol Guimarães percorre sua análise sobre os desafios de se compreender um novo humanismo, e as fronteiras dessa nova humanização: novas formas de produzir e participar da economia; de comunicar e defender a dignidade dos ecossistemas; e uma nova racionalidade ancorada no cuidado e na solidariedade como ação política. Para o autor “o humanismo político e econômico é um caminho que nos faz olhar para a situação que estamos vivendo agora. E como que ela nos impulsiona para frente, porque o humanismo político e econômico serve para olhar para as teologias da América Latina, como também em outras partes do mundo que são marginalizadas, empobrecidas tanto na Ásia como na África.” (p. 34).
O economista e ativista do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, compartilhando tópicos do que tem se “refletido sobre o nosso continente no âmbito dos movimentos populares da América Latina” (p. 46), presenteia-nos em “A situação sociocultural, econômica e política na América Latina” (p. 45-57), com um movimento vigoroso de olhar para a história a partir dos vencidos, e não dos vencedores, e reconhecer nessa identidade latino-americana a instituição dos processos de resistências que carecem de reconhecimento e de articulação de mais forças.
Percorrendo “as veias abertas da América Latina”, a teóloga colombiana e doutora em Ciências da Religião, Maryuri Mora Grisales, em “Anotações sobre democracia e teologia latino-americana: repensando resistência e a esperança” (p. 59-77), faz uma revisão crítica sobre os marcos teológicos da América Latina a partir do colonialismo, das resistências e esperanças. O pano de fundo são as formulações dos cristianismos de libertação como movimento social e suas ambiguidades, lacunas e desafios, e um profundo testemunho de sua militância e expressão teológica. Para ela “o contexto latino-americano continua sendo de enormes desafios econômicos e políticos. O cristianismo, enquanto religião hegemônica e como parte do seu modo de agir histórico, tem conseguido se adaptar aos embates do tempo, e embora muitas vezes possamos questionar a sua relevância e adequação política, ainda é – e continuará sendo – um ator importante do campo religioso e cultural do continente. Não é possível, atualmente falar em democracia e direitos humanos sem reconhecer o lugar que o cristianismo ocupa no espaço público, ou sem compreender o papel que os atores religiosos cristãos desempenham na busca de um determinado tipo de sociedade, assim como as diversas formas de atuação política no continente” (p. 60).
Já a teóloga e integrante da Comissão Pontifícia para a América Latina, Emilce Cuda, e o teólogo e professor da PUC-Rio, Cesar Kuzma, produzem uma reflexão teológica primorosa entre a relação do pontificado do papa Francisco com as duas maiores expressões teológicas latino-americanas, a Teologia da Libertação e a Teologia do Povo.
Cesar Kuzma, em “Teologia da Libertação na eclesiologia do papa Francisco” (p. 79-99), desenvolve uma relação entre Francisco – o cardeal Jorge Mario Bergoglio e o papa –, buscando responder o que dessas correntes teológicas passam pelos corredores do Vaticano e inspiram o mundo inteiro.
Emilce Cuda, em “A Teologia do Povo e a Teologia da Libertação: a política e a economia a partir de Francisco” apresenta como o papa Francisco sintetiza os dez pontos de seu fazer teológico: a realidade, teologia como moral social, a Teologia do Povo prioriza a cultura, o fetiche, o símbolo, o tema da paz, o amor, o conceito de salvação, a saúde , a conciliação. Cuda ressalta que “esses dez pontos parecem uma forma atual de conciliar essas duas expressões de uma mesma teologia latino-americana e como aparecem no discurso do papa Francisco” (p. 109).
Em “Protestantismo e a libertação? Experiências passadas e desafios atuais” (p. 111-123), a antropóloga Regina Novaes expõe a produção de saberes das comunidades e das lideranças evangélicas das décadas de 1960 até a virada do milênio. Seu olhar apurado relata suas pesquisas, escutas e sistematizações de importantes marcos da história recente que configuram um olhar amplo, plural e provocativo para o movimento evangélico atual. No dizer da autora “considerando diferentes momentos da história do Brasil, doas nãos de 1960 até os dias atuais, tendo como referências resultados de pesquisas, o objetivo é relembrar personagens e minorias ativistas autointituladas como protestantes/crentes/evangélicas que, religiosamente motivadas, atuaram na construção do espaço público brasileiro” (p. 112).
Angélica Tostes, teóloga e mestra em Ciências da Religião, retoma em “Um resgate histórico da Teologia Protestante da Libertação” (p. 125-140), o caminho da reflexão protestante até o pentecostalismo e sua absorção na vida da população preta e pobre brasileira. Coloca também os pilares fundamentais sobre a ascensão do fundamentalismo religioso na América Latina. Sua memória resgata lideranças fundamentais do movimento protestante e suas pesquisas e militâncias em Cuba e no Brasil. Em suma a autora “pretende abordar tanto as origens e desenvolvimentos históricos do protestantismo como o cenário atual, apontando os caminhos já traçados e os desafios que precisamos avançar” (p. 126).
Encerrando essa primeira parte, Brenda Carranza, doutora em Ciências Sociais, em “A direita cristã no Brasil: um projeto de poder político e religioso” (p. 141-195), apresenta um olhar conjuntural a partir de primorosa pesquisa acadêmica, mostrando como determinados segmentos religiosos, especificamente das igrejas pentecostais e neopentecostais assumiram o controle da direita política e hoje são o principal polo organizador do pensamento conservador brasileiro. Esse último artigo desta seção apresenta um panorama da situação brasileira pós-pandemia de Covid-19, a partir da mobilização religiosa e política, mais especificamente “a anatomia da pandemia brasileira, para compreender as estratégias do governo na reprodução e politização da ignorância, constituindo uma cosmovisão bolsonarista em sintonia com valores cristãos em contraposição com os processos democráticos.
Em seguida, aborda-se o protagonismo dos setores evangélicos ao lado do governo no período pandêmico e os ganhos efetivos e simbólicos que se depreende dessa articulação, ora em ações com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ora nas mídias religiosas. Logo, analisa-se como mesmo na situação de grave crise sanitária, a agenda moral da direita cristã evangélica, continuamente apoiada pelo governo, assume facetas de intensa judicialização e concretiza a aliança neoliberal e neoconservadora no país. Finalmente, na conclusão, sinalizam-se tanto os ganhos quanto os acertos estratégicos do ativismo evangélico no desenvolvimento da direita brasileira” (p. 146).
A segunda parte concentra Ecologia, economia, política e espiritualidade: uma abordagem humanista para enfrentar os desafios do século XXI (p. 197-302), com Olivia Carolino, Maurício Abdalla, Élio Gasda, Allan da Silva Coelho, Michael Löwy, Alberto Acosta e Leonardo Boff. Eles fazem um panorama dos elementos que construíram a forma econômica, política e espiritual do século XX e que são paradigmas determinantes do século XXI, tendo em vista uma nova recomposição dos horizontes organizativos das comunidades, das instituições, dos movimentos populares e dos saberes que se constroem.
Olivia Carolino, socióloga e militante do Movimento Brasil Popular e Maurício Abdalla, filósofo e militante do Movimento Nacional de Fé e Política, mostram cenários para o humanismo político diante dos avanços sociopolíticos do neoliberalismo.
Olivia Carolino, ao apresentar “Um humanismo político capaz de superar a crise de destino nacional e a disputa de um futuro inédito” (p. 199-209), leva-nos a entender a crise brasileira, a organização popular e a força de movimentos que recuperam a importância de construir futuros. Ela nos presenteia com o rosto dos movimentos humanistas desta esquina da história global, latino-americana e brasileira.
Maurício Abdalla faz um recuo histórico das visões de humanismo, essencial para compreender as tramas que envolvem essa corrente global e constrói um caminho que nos leva a afirmar que “O humanismo político é a concepção que tem o ser humano como fonte e finalidade da política” (p. 211-231), ou seja, “quando falamos de uma concepção humanista da política como feita pelo ser humano e para o ser humano, é em sentido mais profundo, que afirma o ser humano (compreendido como totalidade e integralmente) como o elemento determinante da política e definidor de seus fundamentos. As condições de vida integral e realização plena do ser humano, na concepção humanista, é o fundamento e o critério de verdade e do que é certo ou errado nas leis e na ação política” (p. 213).
Na esteira dos temas centrais nas disputas políticas contemporâneas, o teólogo e padre jesuíta Élio Gasda, “aborda a perspectiva ética na área dos direitos humanos, direitos ecológicos a partir da realidade histórica da nuestra América” (p. 233) apresentando, em “Trabalho e humanismo” (p. 233-249), as perspectivas da crítica humanista em face das transformações do mundo do trabalho, precarizado pelo avanço de um modelo econômico cada vez mais hostil às populações marginalizadas, sejam mulheres, sejam negros etc. Gasda realiza um recuo historiográfico para apresentar a formação do modelo econômico e a urgência de uma ruptura com esse modelo de morte.
Em seguida, em “Humanismo e economia: crítica do fetichismo pela formação do humano” (p. 251-270), o filósofo Allan da Silva Coelho e o eminente sociólogo Michael Löwy, em “Humanismo econômico e ecossocialismo”(p. 271-280), realizam um meticuloso caminho entre correntes humanistas como a do padre Lebret, os debates desenvolvimentistas e o aprofundamento da encíclica Laudato Si’. Para Coelho “a relação entre humanismo e economia, no contexto do capitalismo neoliberal, somente pode ser pensada como uma crítica humanista da economia. Trata-se de uma reflexão que provoca intelectualmente, mas também mobiliza para a transformação das condições sociais de possibilitar uma vida humanamente digna para todos e todas. É necessário pensar com vistas à transformação não por opção metodológica simples, mas por exigência ética, uma vez que o funcionamento do sistema econômica atual desafia a possibilidade da vida e de todos por sua desumanidade” (p. 251-252).
A tudo isso, Löwy diz que “para se construir uma economia humanista a primeira condição é romper com a economia dominante atualmente, que é profundamente desumana” (p. 271), propondo como alternativa o ecossocialismo como caminho para construir uma economia humanista, um economia que projeta a vida da humanidade (p. 276-278).
Encerrando essa parte temos dois horizontes a serem descortinados com a urgência de defender o nosso futuro comum. O economista equatoriano e presidente da Assembleia Constituinte que reconheceu, no começo deste século, os direitos da Mãe Terra (Abya Yala), Alberto Acosta, mergulha, em “Direitos humanos e direitos da natureza” (p. 281-296), como ponto de partida para a construção de outros mundos possíveis e traz a rica experiência latino-americana de resistência e ação. A exposição feita por Acosta é um “convite a sintonizar com a Democracia da Terra, que tem suas raízes em uma relação harmoniosa com a natureza, com comunidades baseadas na justiça social, na democracia descentralizada e na sustentalidade ecológica” (p. 296).
O teólogo da libertação que fortemente influenciou a ecoespiritualidade, Leonardo Boff, em “Espiritualidade ecológica” (p. 297-302), apresenta uma reflexão do caminho entre as experiências que nunca deveriam ter sido dissociadas, a espiritualidade e a ecologia e chama a atenção para a necessidade de uma espiritualidade ecológica, “pois ela nos ajudará a cuidar da Terra e de tudo o que ela contém” (p. 301).
Na terceira parte – Pactos por libertações: educação popular, organização territorial e vivências comunitárias (p. 303-370) –, começamos a andar pelos futuros latino-americanos, bem assentados em compromissos políticos realmente emancipadores. Aqui, somos agraciados com os poderosos aportes de Geraldina Céspedes, Francisco de Aquino Júnior, Nancy Cardoso, Edward Neves Guimarães e Liliam Daniela dos Anjos Pinto.
Em “Processos de libertação: a densidade teológica a partir da realidade” (p. 305-313), a teóloga da República Dominicana, Geraldina Céspedes, apresenta um tear teológico. Em sua contribuição a autora busca responder à pergunta sobre o significado de fazer teologia nestes tempos, a partir do lugar onde habitamos e, especialmente, como fazer isso mantendo-nos ligados à longa tradição teológica libertadora do continente, a partir de uma fidelidade que não é estática nem repetitiva, mas criativa e dinâmica.
O teólogo e padre da Diocese de Limoeiro do Norte, no Ceará, Francisco de Aquino Júnior, em “Fazer teologia em nosso tempo e em nosso lugar” (p. 315-328), reflete sobre a tarefa e sobre alguns desafios da fazer teologia em nosso tempo e em nosso lugar situando a teologia e o fazer teológico no processo de renovação eclesial que culminou no Concílio Vaticano II e teve muitos desdobramentos no processo de recepção conciliar, particularmente na América Latina. Observa que “não se faz teologia nas nuvens ou fora do mundo nem com a língua dos anjos. Teologia se faz na terra e com linguagem humana. É sempre contextual. Isso corresponde ao próprio dinamismo da salvação, que encontra, na encarnação do Verbo, em Jesus de Nazaré sua expressão plena” (p. 315-316).
Já a teóloga metodista e doutora em Ciências da Religião, Nancy Cardoso, de modo muito perspicaz, apresenta um roteiro da educação popular a partir de seus caminhos, de seu corpo de mulher, de palavras e de ações. Uma biografia teológica que nos convida a pensar em nossos caminhos, com o título: “De curioso, de maravilha e de se safar: um roteiro de teologia e educação popular” (p. 329-341).
Na mesma melodia, o doutor em Ciências da Religião, teólogo e professor da PUC Minas, Edward Guimarães, em “‘A cabeça pensa onde os pés pisam’: teologia da libertação e educação popular” (p. 343-357) – tema da aula dele com Nancy –, apresenta um percurso por referenciais do caminho teológico popular da América Latina, conversando entre versos que contam histórias e lutas, e pensadores e pensadoras que souberam articular as utopias deste nosso tempo.
Encerrando essa parte, a socióloga e integrante da equipe do Nesp, Liliam Daniela dos Anjos Pintos, a partir da máxima de Camilo Torres, que compôs o tema desta aula “‘Não existe amor ao próximo em abstrato’: a luta das mulheres na práxis latino-americana” (p. 359-370) apresenta as lutas das mulheres percorrendo uma constituição teológica da América Latina, o reconhecimento do movimento constante de lutar por libertações.
A quarta parte, que encerra esta publicação, traz os Diálogos sobre a Teologia como instrumento de transformação social e a opção pelos pobres na atualidade (p. 371-436). Trata-se de uma saborosa seção de diálogos francos, que – por decisão da organização desta obra – preserva o caráter coloquial, o registro das intervenções entre os convidados, para que assim, o leitor possa sentir-se sentado em volta de uma mesa, em uma roda de conversa com dom Vicente Ferreira, Marcelo Barros, padre Manoel Godoy, padre Júlio Lancelotti e padre Vilson Groh.
O primeiro diálogo é entre o bispo, referência na resistência contra a mineração predatória no Brasil e na América Latina, dom Vicente Ferreira, e o teólogo e monge beneditino, Marcelo Barros, sobre “‘A teologia como profecia’: diálogos sobre profecia nos tempos de hoje”. A profecia na América Latina tem sabor e aroma muito peculiares de amor. A entrega comunitária, os projetos que restauram a dignidade, o compromisso e a cumplicidade com os excluídos dessa sociedade, entre outros. Sob o amparo da reflexão do teólogo belga e missionário brasileiro, cujo centenário de nascimento celebramos em 2023, José Comblin, somos provocados a seguir construindo a profecia neste continente.
Em “‘Descer da cruz os crucificados’: diálogos sobre as consequências da opção pelos pobres nos tempos de hoje”, desenvolve-se um amistoso diálogo entre três teólogos, educadores e homens que experienciam a organização comunitária nas periferias de três grandes capitais brasileiras: São Paulo, Florianópolis e Belo Horizonte. Em meio à conversa determinada de padre Júlio Lancelotti e padre Vilson Groh, com a mediação do padre Manoel Godoy, é feito um exercício da coragem e das utopias.
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A atuação do Núcleo de Estudos Sociopolíticos nestes 18 anos de existência sempre esteve pautada pela Doutrina Social da Igreja e atenção aos debates e questões enfrentados pelos movimentos sociais e eclesiais. No contexto social, político, econômico e cultural da América Latina e do Caribe é que se deram as conferências recolhidas nesta obra as quais buscaram tatear a partir das práticas, reflexões e articulação dos saberes teológicos produzidos nos últimos cinquenta anos no continente da esperança e da resistência.
O leitor ao fazer a leitura desta obra é chamado a reconhecer os novos paradigmas que constituem o fundamento de toda leitura crítico-propositiva da realidade e confirmar que os movimentos que marcam as recentes gerações e suas incidências na história, em dança entre fé e razão, contextos históricos e novas formas de viver e recriar a vida – constroem memória e formulam futuros.
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Transformações teológicas na América Latina: novos horizontes para a Libertação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU