10 Outubro 2023
Compreender uma diversidade que nos enriquece, que não é uma ameaça, é um dos grandes desafios em uma sociedade, também em uma Igreja onde o diferente é quase sempre visto como uma ameaça. Fazer isso é ser discípulo, pois não nos esqueçamos de que a atitude de Jesus era a de se relacionar com todos, mesmo com aqueles que eram diferentes, com os proscritos, incluindo as mulheres e os samaritanos.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
No encontro de Jesus com a mulher samaritana, uma cena que ilumina a reflexão do Módulo B1, que está sendo trabalhado nestes dias pela Assembleia Sinodal, aparece a atitude do Senhor que nos questiona e deve nos levar a refletir sobre como nos aproximamos dos outros, se "com as unhas" para atacar, ou com os braços abertos para abraçar.
A Assembleia Sinodal está mudando de cara, pode-se ver isso nas atitudes daqueles que chegam ao salão sinodal, dispostos em mesas redondas na Sala Paulo VI, mas também se pode ver isso nos momentos que antecedem o início dos trabalhos. Nós, jornalistas, conseguimos entrar no momento da oração e, da posição que ocupamos, podemos ver os participantes da Assembleia em sua totalidade.
Foto: Luis Miguel Modino
Aos poucos, a formalidade, até mesmo na maneira de se vestir, foi se perdendo, as pessoas estão ganhando confiança, as saudações deixaram de ser formais e se tornaram mais fraternas. Ouvem-se risadas, provavelmente como resultado de piadas ou comentários que alegram o coração daqueles que veem no outro um companheiro, um companheiro de caminho, com quem construir juntos a Igreja sinodal que o Papa Francisco indica e da qual todos nós precisamos, embora alguns insistam em negá-la, embora alguns a enfrentem com toda a força e com artimanhas vis e desonestas.
Voltando à cena do Evangelho, em que aquela mulher de um povo indesejável e de uma vida supostamente questionável diante de um olhar sem misericórdia, podemos dizer que é ela quem liberta Jesus. Isso nos desafia como Igreja, ainda mais se quisermos apostar em uma Igreja sinodal. A grande questão é se essas pessoas têm lugar em nossas comunidades eclesiais, que devem ser a presença de uma Igreja que quer ser expressão de comunhão, que é o grande tema do Módulo B1, de unidade na diversidade, uma Igreja que não é para os saudáveis, mas para os doentes, também de espírito, que precisam recuperar uma dignidade que lhes foi negada.
Foto: Luis Miguel Modino
É com essas pessoas que nós batizados e batizadas, a Igreja sinodal, devemos ser um instrumento de unidade para toda a humanidade, algo que a pergunta que orienta esse módulo nos leva a refletir. Para isso, cinco temas diferentes serão discutidos nas comunidades de discernimento, nos círculos menores ou, para resumir, nas mesas redondas, pois este é o "Sínodo das mesas redondas": serviço de caridade, compromisso com a justiça e cuidado com a casa comum; encontro entre amor e verdade; troca de dons entre as igrejas; compromisso ecumênico; e diálogo com culturas e outras religiões.
O tempo de teste já passou, as mesas redondas, nas quais desde ontem houve algumas mudanças, estão marcando o objetivo, indicando o caminho para ser uma Igreja sinodal. Um caminho que será mais fácil e mais suportável à medida que a escuta for honesta e profunda, se for descoberto que, na voz do outro, da outra, as mulheres têm uma delicadeza diferente que sempre ajuda, Deus nos fala, se faz presente em nossas vidas de batizados e batizadas, e no caminho de uma Igreja que deve ser comunhão, na qual deve ser cada vez mais fácil passar do eu para o nós, escutar a voz que vem das periferias.
Foto: Luis Miguel Modino
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Sinodalidade: a diversidade nunca é uma ameaça, os proscritos nos abrem para Deus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU