Presidente da COP28 defende participação da indústria fóssil em negociações climáticas

As usinas de combustíveis fósseis são um dos maiores emissores de gases de efeito estufa que causam mudanças climáticas. (Foto: Ella Ivanescu | Unsplash)

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05 Outubro 2023

Sultan al-Jaber volta a defender participação da indústria dos combustíveis fósseis na COP28, enquanto o setor se “finge de morto” com relação a metas climáticas.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 04-10-2023.

Anfitriões da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), os Emirados Árabes Unidos receberam nesta semana um evento internacional da indústria de petróleo e gás, setor que o país pretende colocar na mesa de negociação junto com os governos. A ocasião serviu como mais uma oportunidade para o presidente-designado da COP28, Sultan al-Jaber, defender a proposta de inclusão das empresas petroleiras nas conversas de dezembro em Dubai.

“Durante demasiado tempo, esta indústria foi vista como parte do problema, que não está fazendo o suficiente e, em alguns casos, está até bloqueando o progresso. Esta é a sua oportunidade de mostrar ao mundo que, de fato, vocês são fundamentais para a solução”, disse al-Jaber, ele próprio um executivo da indústria petroleira, a colegas do setor.

O futuro presidente da COP28 também defendeu que a indústria apresente novos compromissos e propostas de ação climática, como a expansão da geração de energia por fontes renováveis e a redução das emissões associadas à produção de combustíveis fósseis, como sinal de que “esta indústria pode mudar o debate global [sobre clima]”.

O discurso foi bem recebido pelos representantes do setor, ainda que o entendimento tenha sido tão raso quanto o do próprio al-Jaber. À Bloomberg, os CEOs de petroleiras como ExxonMobil e BP repetiram o mantra do presidente da COP28 de que a indústria fóssil deve fazer parte das negociações climáticas, mas sem apontar qualquer contribuição substancial dessa indústria para enfrentar a crise climática.

“Vemos apelos para parar de investir no petróleo. Acreditamos que isto é contraproducente”, disse o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitham al-Ghais, citado pela AFP. Na contramão do que a ciência coloca como crucial para evitar mudanças climáticas ainda mais catastróficas, o líder do cartel petrolífero defendeu que os investimentos na exploração de petróleo aumentem para US$ 600 bilhões anuais até 2045 para “alcançar a segurança energética”.

Associated Press e Reuters também repercutiram a fala de al-Jaber e os ouvidos moucos da indústria fóssil à crise climática.

Em tempo: Parece provocação (ou será ameaça?). De toda forma, o Financial Times informou que o governo dos Emirados Árabes sinalizou ao secretariado da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC) sua disposição em sediar a COP29 no final de 2024 caso os países do Leste Europeu não cheguem a um acordo sobre o destino da Conferência no ano que vem. Uma eventual repetição da sede na próxima COP deixaria a agenda climática internacional nas mãos de um dos maiores produtores de petróleo do planeta por dois anos seguidos.

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