08 Novembro 2022
Favorito segundo as previsões é o atual secretário, Mons. Timothy Broglio, ex-secretário do Cardeal Sodano. Apenas um verdadeiro liberal, Mons. Paul Etienne - Não é apenas tempo de eleições de meio de mandato nos Estados Unidos. De fato, em meados de novembro, os bispos estadunidenses também irão às urnas, chamados a renovar os líderes da Conferência Episcopal. Um compromisso importante porque coincide com o início da delicada fase que levará às eleições presidenciais de 2024. Não há prognósticos óbvios: o atual vice-presidente, Mons. Allen Vigneron não pode ser eleito devido aos limites de idade e, portanto, o jogo está aberto.
A reportagem é de Matteo Matzuzzi, publicada por Il Foglio, 07-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Normalmente, de fato, com a clamorosa exceção de 2010 - quando Timothy Dolan venceu Gerald Kicanas, vice-presidente em saída e ponta de lança da ala liberal – a ser eleito é o número dois, numa espécie de continuidade que visa não tornar manifestas as divisões internas do corpo episcopal. Desta vez, os jogos não terminaram, ainda que algo possa ser entendido da lista reduzida de candidatos pré-selecionados pelos coirmãos bispos: dos dez aspirantes, a clara maioria responde à linha conservadora seguida até agora, com poucas exceções.
O dado é significativo: nos últimos anos, de fato, o Papa havia procedido a uma enérgica troca dos bispos, reorientando mais para o centro um grupo que nos últimos quinze anos havia se deslocado para a direita, entre batalhas por princípios não negociáveis e provas de força verbais contra as administrações democráticas que se sucederam na Casa Branca. Que o projeto de Francisco fosse claro também foi demonstrado pelas escolhas dos cardeais: Blase Cupich, Joseph Tobin, Wilton Gregory, Robert McElroy. Todos são cria do cardeal Joseph Bernardin, o protagonista da temporada progressiva da Igreja estadunidense, que faleceu em 1996.
No entanto, nenhum desses quatro está na lista dos pré-selecionados pelo plenário dos bispos. Em vez disso, só para citar um nome, está Salvatore Cordileone, o bispo de São Francisco que faz das batalhas de valores um ponto firme de sua agenda pastoral, a ponto de ter várias vezes incomodado o Vaticano por determinadas tomadas de posição públicas consideradas muito impositivas e pouco dialogantes.
O favorito, pelo que valem as previsões em uma eleição que, em todo caso, é por voto secreto, é o ordinário militar Timothy Broglio, atual secretário-geral da Conferência Episcopal. Se a linha é a mesma do presidente em saída José Horacio Gómez, Broglio é considerado "mais enérgico" e com mais pulso. No caso de sua eleição, portanto, é provável que o confronto sobre temas bioéticos não assuma tons mais baixos, muito pelo contrário. Broglio conhece bem a máquina vaticana por ter feito parte do serviço diplomático e ter sido secretário particular do cardeal Angelo Sodano. Este fato poderia fazê-lo perder alguns votos no segredo da urna, especialmente daqueles que consideram inapropriado eleger uma pessoa muito próxima daquele que não impediu a nomeação de Theodore McCarrick como arcebispo de Washington. De qualquer forma, não parecem obstáculos que impeçam sua eleição, considerando também que Broglio foi eleito secretário-geral da Conferência Episcopal pelos mesmos bispos há três anos.
Tem possibilidades concretas também Mons. Kevin Rhoades, de Fort Wayne-South Bend (Indiana). Ele é o autor do delicado documento sobre a Eucaristia aprovado em 2021 após meses de tensões internas e apelos públicos. O texto foi considerado muito fraco pela ala mais intransigente, mas a maioria dos bispos apreciou o equilíbrio de Rhoades, capaz de manter unido um grupo episcopal a ponto de se dividir entre aqueles que queriam colocar por escrito que os políticos pro-choice não poderiam ter acesso à eucaristia e aqueles que, ao contrário, queriam que o tema nem sequer fosse tocado.
De qualquer forma, Rhoades há muito deu a conhecer o que pensa sobre o tema, argumentando que "às vezes pode ser necessário proibir a Eucaristia aos políticos favoráveis ao aborto". Sempre ele, em 2016, criticou a Universidade de Notre Dame por ter concedido um prêmio ao então vice-presidente Joe Biden. Bem posicionado também é Mons. Paul Coakley, arcebispo de Oklahoma City, conservador de tendência à Communio que lidera a campanha pela abolição da pena de morte.
Do lado liberal, o nome forte é o do bispo de Seattle, Paul Etienne. Ele é considerado o enfant prodígio do grupo progressista que se reporta aos cardeais Cupich e Tobin e um ano atrás contestou publicamente o documento sobre a Eucaristia, declarando-se contrário a impedir que políticos a favor do aborto tivessem acesso ao sacramento. Monsenhor Etienne não terá os votos necessários para ser eleito presidente, mas será interessante observar quantos votos ele terá, para entender se poderia ser possível uma mudança (mais ou menos lenta) do episcopado estadunidense para instâncias antitéticas às da cultura warrior. No meio, os "moderados", bons candidatos de compromisso, mas que não parecem em condições de atrair o consenso dos coirmãos já orientado em um campo ou outro da batalha.
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A Igreja estadunidense elege os novos líderes. E os candidatos são quase todos conservadores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU