14 Março 2022
Em resposta à carta enviada em 2 de março pelo secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reverendo Dr. Ioan Sauca, o patriarca Kirill de Moscou e Toda a Rússia historiou, na missiva de 10 de março, a origem do conflito entre povos irmãos, russos e ucranianos. Sauca solicitara a intervenção e mediação de Kirill para evitar a guerra.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O patriarca de Moscou historiou a situação. “Como sabem, este conflito não começou hoje. É minha firme convicção que seus iniciadores não são os povos da Rússia e da Ucrânia, que vieram de uma pia batismal de Kiev, estão unidos por uma fé comum, santos e orações e compartilham um destino histórico comum”, relatou. E concluiu: “As origens do confronto estão nas relações entre Ocidente e a Rússia”.
No mesmo dia do início da guerra, Sauca, em nome do CMI, pediu ao presidente Vladimir Putin, da Rússia, apoiando mensagem do metropolitano da Igreja Ortodoxa Ucraniana, Onuphry de Kiev, que detivesse “essa guerra fraticida” e devolvesse “a paz ao povo e à nação da Ucrânia”.
Onuphry definiu a guerra fratricida como “a repetição do pecado de Caim, que matou seu próprio irmão por ciúmes. Uma guerra como esta não tem desculpa, nem ante Deus, nem diante do povo”. O patriarca ucraniano pediu a aplicação do “sentido comum, que nos ensina a resolver nossos problemas terrenais através do diálogo e entendimento mútuo”.
Kirill, no entanto, responsabilizou inimigos ocidentais da Rússia de inundarem a Ucrânia com armas e instrutores de guerra. “A a coisa mais terrível não são as armas, mas a tentativa de ‘reeducar’, de fazer mentalmente os ucranianos e russos que vivem na Ucrânia em inimigos da Rússia”, denunciou na missiva a Sauca. Ele enfatizou, ainda, que “a russofobia está se espalhando pelo mundo ocidental em um ritmo sem precedentes”.
Ortodoxos integram o CMI. O secretário-geral da organização ecumênica também é ortodoxo. Em seu apelo a Putin, Sauca advogou “por uma lógica diferente da baseada na concorrência geopolítica: uma lógica que leve em consideração a morte e o sofrimento que qualquer conflito armado causaria inevitavelmente a suas crianças, mulheres e homens da Ucrânia”.
Sauca lembrou que o povo de Deus, “assim como os membros da comunidade ecumênica, se encontra em ambos os lados do atual enfrentamento. No entanto, nosso Deus é um Deus de paz e não um Deus de guerra e derramamento de sangue”.
Na carta resposta ao secretário-geral do CMI Kirill não respondeu objetivamente ao pedido de Sauca para que ele fosse um mediador pela paz. Kirill tem se mostrado um apoiador da investida de Putin na Ucrânia.
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Kirill ignora pedido de líder do Conselho Mundial de Igrejas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU