09 Julho 2021
Homenagem dos coirmãos ao Jesuíta que morreu aos 84 anos, após a longa detenção na prisão. O amigo pe. Mascarenhas: “Como professor ele me ensinou muitas coisas, mas a verdadeira lição foi quando ele deixou tudo para ir pessoalmente servir os últimos em Ranchi”. A escritora Arundhati Roy: "Seu lento assassinato é uma imagem da morte da democracia indiana."
A reportagem é de Nirmala Carvalho, publicada por AsiaNews, 08-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
“O funeral de um santo do nosso tempo”. Com essas palavras, os coirmãos Jesuítas definiram a celebração com que ontem, na igreja de São Pedro em Bandra, fizeram a última despedida ao pe. Stan Swamy, que morreu em 5 de julho aos 84 anos depois de passar longos meses na prisão por ter sido acusado de "terrorismo" pelo seu empenho pelos direitos dos tribais e dos dalits.
Apenas 20 pessoas puderam participar da cerimônia devido às restrições impostas pela Covid-19, mas a celebração foi transmitida ao vivo. Para o funeral, o corpo do pe. Swamy estava vestido com uma túnica vermelha, cálice e rosário nas mãos. Comentando a passagem da flagelação de Jesus, o responsável dos Jesuítas da Ásia meridional, pe. Stanislaus D'Souza, na sua homilia disse que “pe. Stan foi perseguido por apoiar as lutas dos tribais e dos dalits pelo respeito aos seus direitos fundamentais”.
No discurso fúnebre, o amigo pe. Frazer Mascarenhas insistiu na palavra “companheiros”: “Pensar que o pe. Stan a usasse em sentido maoísta é ridículo: ele era um homem gentil que amava a paz, rejeitando toda forma de violência. Ele simplesmente considerava todos os que trabalhavam para o próximo como seus companheiros”. Em tudo isso permanecia um sacerdote, em primeiro lugar: “Toda vez que o visitava no hospital nestes dias - continuou pe. Mascarenhas – ele me pedia para receber a comunhão. Uma vez, quando não a havia levada comigo, voltei para a paróquia com o propósito de pegar a Eucaristia. Ele nunca parava de me agradecer: este era o verdadeiro padre Swamy".
“Como jovem jesuíta - acrescentou -, ele foi meu professor quando era diretor do Instituto de Estudos Sociais. Ele me ajudou a entender muito sobre a sociedade indiana. Mas o maior ensinamento que ele me deu foi quando deixou o cargo para ir trabalhar no campo com os últimos em Ranchi. Por 30 anos, ele cuidou pessoalmente dos tribais e das pessoas mais vulneráveis, colocando seus ensinamentos em prática. Mesmo quando o prenderam, ele lutava pelo destino de outros 3.000 jovens tribais presos com as mesmas acusações que depois fizeram contra ele”.
Imediatamente após a missa, os restos mortais do pe. Swamy foram cremados: suas cinzas serão levadas para Ranchi, onde ele gostaria de morrer. O transporte do corpo - explica uma fonte jesuíta - teria comportado dificuldades logísticas. A construção de um monumento já está planejada em sua memória.
Enquanto isso, a morte de pe. Swamy alimenta discussão na sociedade civil indiana. Também a escritora Arundhati Roy apontou o dedo às autoridades indianas pelo destino reservado ao idoso jesuíta: “Seu lento assassinato - escreveu - é um microcosmo da morte não tão lenta de tudo que nos permite definir-nos como uma democracia. Somos governados por demônios que lançaram uma maldição sobre esta terra”.
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O funeral de padre Swamy: um mártir da atualidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU