05 Outubro 2018
Na segunda-feira, começou, em Roma, o Sínodo dos Bispos sobre os Jovens. Para aproveitar este grande evento na vida da Igreja, o Equal Future (Futuro Igual), uma coalizão de cerca de 100 grupos de católicos LGBT de mais de 60 países, apresentou uma campanha por meio da qual fiéis gays podem entrar em contato com o seu delegado nesta cúpula de bispos de todo o mundo para fazer-lhe chegar suas experiências como fiéis homossexuais.
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 04-10-2018. A tradução é de André Langer.
“É uma oportunidade para destacar o dano” que os católicos costumam provocar frequentemente nos homossexuais dentro e fora da Igreja e “fazer as pessoas refletirem sobre o que querem fazer a respeito”, disse um dos representantes da campanha, Tiernan Brady, apresentando a campanha nas páginas do National Catholic Reporter.
O objetivo, prosseguiu o irlandês, é aproveitar um momento “que só ocorre uma vez a cada geração”, como é um Sínodo – “o exercício mais próximo que a Igreja tem de um processo democrático” –, para que a hierarquia faça um verdadeiro exame de consciência sobre como a Igreja trata o coletivo gay, transgênero e queer.
Ressaltando que com essa iniciativa o Equal Future não pretende iniciar uma discussão “gay versus Deus”, Brady explicou que se trata acima de tudo “da realidade do dano que se está fazendo às pessoas de toda a sociedade” e de como “a Igreja, como uma líder importante no mundo, pode fazer algo de grandioso para acabar” com esses danos. O irlandês acrescentou que uma das razões pelas quais quis aderir à campanha foram os “incríveis defensores católicos da igualdade LGBT que existem” e seu desejo de ajudar a “proporcionar-lhes uma plataforma”.
“A Igreja não vai desaparecer e nem os gays. Assim, a questão não é como um lado vai destruir o outro: isso não faz sentido”, disse Brady. “Ganhar não é derrotar o outro lado. Ganhar é convencer as pessoas, e trata-se de como nós criamos o tom e o espaço para que isso aconteça”.
Embora o Equal Future vise estimular a longo prazo uma “grande conversação” sobre as regras, doutrinas e o tom que a Igreja adotou em relação aos LGBT, por enquanto, disse Brady – no contexto do Sínodo –, a ideia é conseguir da hierarquia o reconhecimento de que as pessoas LGBT “têm direito ao mesmo respeito e dignidade e às mesmas aspirações na sociedade que qualquer outra”.
Com esta finalidade, a plataforma apresentará durante o Sínodo os resultados de uma pesquisa de fiéis em todo o mundo sobre a questão LGBT: o que, adiantou Brady, revelará que até dois terços dos católicos de todo o mundo acreditam que o a doutrina precisa mudar.
“A questão é como mudamos a nossa perspectiva e nossas regras para nos adaptarmos à realidade”, comentou Brady sobre a conclusão cada vez mais aceita pela ciência de que ser gay é uma condição natural.
“Passaram-se 500 anos até que a Igreja pedisse perdão pelo caso Galileu – não podemos fazer isso com as pessoas LGBT”, observou o irlandês. “O que vemos é que os católicos são um dos grupos religiosos mais propensos a apoiar a igualdade de dignidade das pessoas LGBT”, concluiu, acrescentando que, embora “as pessoas na Igreja tenham mudado e estejam mudando... a hierarquia precisa acompanhar o seu rebanho nesta questão”.
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Católicos LGBT pedem ao Sínodo plena igualdade em dignidade e direitos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU