19 Fevereiro 2025
Sexta-feira, 7, esteve em Aracaju Dom Vicente de Paula Ferreira, bispo da Diocese da cidade baiana de Livramento de Nossa Senhora e assessor da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3. Ele também é membro da Comissão de Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Além de várias visitas em comunidades, Dom Vicente esteve na Câmara de Aracaju participando da primeira sessão especial do ano, uma iniciativa do vereador Iran Barbosa (PSOL). O bispo discutiu a Campanha da Fraternidade da Igreja Católica, que tem como tema “Fraternidade e Ecologia Integral”.
A entrevista é de Cristian Góes, publicada por Mangue Jornalismo, 11-02-2025.
A partir da pergunta: “o que estamos fazendo como nossa Casa Comum?”, Dom Vicente apresenta uma série de questões em torno da ecologia integral e que ultrapassa, e muito, o percurso conservador da Igreja Católica em Sergipe. Ele fala de conversão ecológica e aponta um estilo de vida “extremamente pautado por um sistema que a gente conhece, do lucro acima de tudo, do extrativismo sem limites, para poder proteger uma minoria planetária”. E diz mais: “a gente tem que abraçar mais o que vem desde baixo, os pobres, os atingidos. Isso é uma questão de fé para nós que somos cristãos. A Páscoa que nós vivemos não acontece se a gente não tocar as feridas do corpo crucificado de Cristo”.
Ele reforça que “nosso planeta tem reservas finitas. E não temos planeta B. A Terra não vai suportar por muito tempo mais esse estilo de vida global”. Segundo Dom Vicente, o que a Igreja Católica no Brasil está propondo com a Campanha da Fraternidade, “a partir de uma leitura da tradição judaico-cristã, é totalmente dialogável com as tradições religiosas de matriz africana, com os povos originários, quilombolas. Essa questão que vem para nós, que temos a herança cristã, vem dessa vocação do ser humano como guardião da criação”.
Dom Vicente acredita na força transformadora dos territórios, sendo um espaço fundamental para se falar de ecologia integral. “Os territórios dos quilombos, dos povos originários, dos pescadores, dos moradores de rua, os territórios dos que estão foragidos, refugiados…e estão invadindo esses espaços sagrados, reservas ambientais, religiosas, de espiritualidades, de povos, de heranças, de uma forma cínica, ostensiva, cruel”. E Dom Vicente faz um alerta: “nos escombros de hoje, de tantas tragédias, não pense que os mártires estão dormindo. Eles têm direito sobre nós. O direito dos mortos na vida dos vivos. Quem nós já matamos por injustiça, não deixará a gente seguir em paz se a gente não buscar a justiça. Não deixará. Mas não é só a gente, a própria natureza. Se nós somos injustos com ela, ela não vai deixar a gente seguir o nosso curso feliz. Não vai”.
Em que momento o senhor, bispo na Igreja Católica, começa a se envolver com a questão da ecologia?
Quando aconteceu a tragédia em Brumadinho [Minas Gerais, 272 mortos], em 25 de janeiro de 2019, eu estava lá. A partir desse momento começa mais o meu envolvimento com a temática ecológica, a partir da fé, a partir da pastoral, do meu envolvimento com as comunidades atingidas. Isso foi um despertar para alguma coisa que eu chamo de conversão ecológica. Inclusive, na época, um mês depois da tragédia, fiz uma canção que se chama “Lamento”. Ou seja, o tema da ecologia integral na minha vida não nasce apenas como uma conclusão epistemológica, de um professor que pesquisa, que lê, o que também faço. Nasce, sobretudo, de uma experiência, de um drama e de um trauma que vem carregado de uma tragédia, de um crime absurdo.
Neste ano, a Igreja Católica no Brasil resolveu escolher como tema da Campanha da Fraternidade a ecologia integral. O que indica essa escolha?
2025 é um ano muito importante para a sociedade, para a Igreja. Falando de Igreja Católica, o papa Francisco proclamou esse ano como o do Jubileu da Esperança. Também temos os 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Do ponto de vista social, em novembro acontecerá a COP30, que é um tema também muito importante a ser debatido. Então, é um ano propício para a gente acelerar nossos debates e também algum tipo de tomada de decisão dos nossos caminhos. Quando nós falamos de ecologia integral, a primeira pergunta que nós devemos honestamente fazer é: o que está acontecendo com a nossa Casa Comum? Isso deve ser tratado com muita honestidade, sem precipitações.
O que está acontecendo com a nossa Casa Comum? Aquecimento global?
O aquecimento global é uma imagem que reúne todas as situações dos problemas que acontecem. Mas não é só o aquecimento. Mas parece que sobre ele confluem todas as nossas indagações. O aquecimento global é uma pauta que se impõe. Ele é uma resposta do nosso planeta às nossas ações humanas. Então a primeira coisa a considerar são as raízes humanas da crise ecológica. Nós não podemos nos isentar enquanto espécie que pensa, que tem belezas como as tecnologias, as ciências, as religiões. Não podemos hoje virar as costas para essa questão como se ela não fosse problema nosso. A crise ecológica não só é problema nosso porque nos afeta, ela é causada em muitos sentidos por nós. Esse aqui é um dos pontos do nosso drama, que é um estilo extremamente pautado por um sistema que a gente conhece, do lucro acima de tudo, do extrativismo sem limites, para poder proteger uma minoria planetária. Esse é o nosso grande drama hoje: 1% da população global detém mais de 50% das riquezas do planeta e ainda se acelera os controles dos territórios, das reservas, do petróleo, das energias, dos alimentos.
E os reflexos disso estão em toda Casa Comum, não é?
Estão em Brumadinho, em Sergipe, em Aracaju. Não são problemas isolados, locais, eles estão interconectados. Tem um jeito de ser nosso que está produzindo cada vez mais esses desafios e o pior ainda, todos os esforços maiores que nós temos hoje parecem tapar o sol com a peneira. Em nome de solucionar um problema ecológico, você acredita na técnica, mas essa técnica exige mais exploração da terra e os limites das fontes, das reservas que estão se esgotando. Muita gente, eu sei, não acredita nisso, acha que nosso planeta é infinito nos seus recursos, mas parece-me que já há provas que não é assim, de que o nosso planeta tem reservas finitas. E não temos planeta B. Estão falando aí que vão para Marte, para a Lua, mas me parece que o planeta que nós temos é só esse. E se tiver outro, talvez vai uma minoria ainda menor porque não será nosso. Então, a partir da pergunta: o que está acontecendo com a nossa Casa Comum é que nasce uma proposta da nossa Igreja, que se chama Ecologia Integral.
O problema é que ecologia virou palavra da moda, tem até mineradora usando.
Aí que está. A gente precisa defender a ecologia integral no seu ponto certo, porque é verdade, tudo hoje já virou ecologicamente sustentável, você convive com as coisas mais contraditórias, por exemplo, o capitalismo verde, a mineração verde, essas coisas assim. Tem uma figura de linguagem, o oxímoro, que é quando você põe duas palavras opostas convivendo como se fosse uma possível. Ecologia Integral é um pouco mais do que simplesmente tomar algum tipo de ação. Trata-se da necessidade e da urgência de uma conversão global. A Terra não vai suportar por muito tempo mais esse estilo de vida global. Daí vão brigar as nações, os países, têm algumas propostas que são até terríveis. Vi outro dia uma leitura dos super-ricos propondo que a humanidade tem que diminuir o número de habitantes da Terra. Eu perguntei: vai começar diminuindo por vocês?
A ideia de ecologia integral da campanha dialoga com outras religiões, não é?
Sim. O que nós propomos enquanto Igreja, a partir de uma leitura da tradição judaico-cristã, também é totalmente dialogável com as tradições religiosas de matriz africana, com os povos originários, quilombolas. Essa questão que vem para nós, que temos a herança cristã, vem dessa vocação do ser humano como guardião da criação. Guardião é aquele que protege e não promove destruição. É preciso ter consciência, atitudes, de que nós devemos assumir nesse universo maravilhoso o nosso papel, a nossa vocação de guardiães, de protetores da Casa Comum, da biodiversidade. Nós não somos únicos nesse planeta, nós estamos interligados, nós somos uma sincronia de vida que pulsa, nós somos átomos, água, rios. Nós não somos um corpo isolado jogado aí como se a gente vivesse de qualquer maneira, independentemente das outras espécies do meio ambiente, não, nós somos natureza. Esse é um problema que talvez tenha que ficar claro e debatido, principalmente no mundo político e nas nossas religiões ainda mais.
Essa é uma visão fundamental: que se nós somos todo, natureza, e esse todo está comprometido, como está em Romanos, então “A criação geme em dores de parto”.
Exatamente. Nós somos natureza, nós não somos uma espécie de ser com uma alma abstrata que está voando por aí, nós somos corpo, esse corpo é composto de água, de químicas e tudo isso está interligado com o universo. Então ecologia integral é isso, tratar a vida como uma ligação, uma interconexão maravilhosa e se você tem fé e se for pela fé cristã, uma interconexão maravilhosa na qual nós fomos inseridos por um desígnio amoroso, lindo, especial, mas para cuidar desse jardim, não para destruir. Nós não temos autorização de fazer muitas coisas que fazemos, até por um interdito bíblico, “aqui tu não mexes, isso aqui não te pertence’’, não avances as leis da natureza, não quebre as conexões, as cadeias porque isso vai gerar problemas. A ecologia integral é uma visão holística da nossa vida, tudo está interligado em nossa Casa Comum. Então, toda vez que a gente vê um crime socioambiental grande, a gente se desespera, mas também toda vez que eu vejo um cidadão jogando uma latinha vazia para fora do carro eu me pergunto: ele está jogando para dentro da sua própria casa? Destruindo a sua própria casa? Isso acontece em nós, não tem fora nem dentro, nós somos habitantes de uma Casa Comum.
Ou seja, a questão ecológica precisa ser integral e interligada.
Nós estamos tentando ainda construir, porque é uma categoria nova, muito debatida, mas a gente tem que ter esse ponto: tudo está interligado. Se você faz um gesto de amor, se você resgata uma fonte, protege uma floresta, um terço da participação é nossa, o resto a própria natureza conduz. Tu plantas uma roça, apenas planta e ajuda a cuidar, mas 80% quem faz é a terra. É muito generosa, como dizia Gandhi, a natureza pode suprir todas as nossas necessidades, menos a ganância. Isso é ecologia integral.
Dom Vicente, o grande desafio é conciliar questões globais com as locais.
Sim, este é um outro ponto para essa conversão ecológica. Para os problemas globais nós temos que construir diálogos globais, senão não adianta. O Brasil resolve de cá, o Norte do planeta não resolve de lá, e a gente vai ficar aí. Se não houver algumas confluências de decisões globais, as coisas não se resolvem. Então acho que nós temos que, como cidadãos, pensar localmente, mas agir com efeitos globais. Nós não vamos nos salvar sozinhos só cuidando de Aracaju. A gente tem que estar antenado para construir pontes globais. Também não vamos construir pontes globais se as soluções não nascerem em nosso próprio quintal. Nós temos que cuidar aqui. Então, essa interconexão entre local e global é muito importante na hora das ações. Eu até penso que nenhuma ação que defenda a natureza é só local, porque ela tem reverberações globais. Uma fonte que seja, um rio que seja, ele tem repercussões globais. A natureza se encarrega de globalizar isso. Se tu limpas o ar de uma cidade, a natureza vai reverberar essa ação. Então, primeiro ponto é esse: casar muito bem o local. Ainda mais hoje que nós temos redes sociais, é fácil socializar. Uma ação aqui, uma semente crioula descoberta… Você comunica com o mundo inteiro sobre isso, e de repente muita gente vai passar a aderir a essa prática.
Convocar para a ação de uma ecologia integral é olhar os mais pobres, as maiores vítimas das doenças dessa Casa Comum, o senhor não acha?
Esse ponto é muito caro à nossa igreja, principalmente ao magistério do Papa Francisco, e que eu acho que é daí que vem as soluções. Eu acho que a gente tem que abraçar mais o que vem desde baixo, os pobres, os atingidos. Isso é uma questão de fé para nós que somos cristãos. A Páscoa que nós vivemos não acontece se a gente não tocar as feridas do corpo crucificado de Cristo. Para nós, o cosmos é também o corpo de Cristo. É bíblico. Nele, por Ele, para Ele todas as coisas foram criadas. Então há aí um mistério que transcende a própria materialidade das coisas. Nós não lidamos com a natureza apenas como objeto, há uma sacralidade incluída em tudo isso. E aí, quando a gente vê massas e massas de pessoas descartadas, e vê a palavra de Deus dizendo que Deus viu o sofrimento do seu povo, que Cristo tocou as feridas humanas daqueles que eram mais descartados, a gente só pode pensar hoje também em soluções práticas se a gente incluir os mais frágeis. Eu tenho traduzido isso como uma vulnerabilidade, como sendo o nosso endereço do século XXI. A gente lida com vulnerabilidades trágicas. É aí que a gente também tem que escutar para ver de onde vem as soluções. As feridas são o nosso endereço pós-moderno, endereço religioso, político, social. Na exortação Laudate Deum, um documento também ecológico, o papa fala do multilateralismo desde os debaixo.
As soluções vêm na vida real, dos debaixo e que estão nos territórios.
Sim. Estamos num tempo em que o virtual é uma grande armadilha, de achar que a nossa vida se faz num espaço virtual. Mas, e a vida real? Quem está pensando? Quem está dominando as redes sociais? Estão fazendo em função de quê? Então, eu ponho a palavra território como o nosso lugar, um espaço afetivo, geográfico, onde nós vivemos. E aí está acontecendo uma urgência, inclusive do mundo político, de defender os territórios dos pequenos, porque eles estão sendo invadidos. Isso é Brumadinho, é Chapada Diamantina, é aonde você for, principalmente aqui que nós conhecemos mais a realidade brasileira, e se invadem espaços sagrados, reservas ambientais, religiosas, de espiritualidades, de povos, de heranças, de uma forma cínica, ostensiva, cruel. E aí nós vamos gerando uma rede de pessoas foragidas, expulsas, sem espaço. Em nome de quê? Nós temos uma terra tão grande. Então, a palavra território é fundamental para se falar de ecologia integral, para a gente não ficar num pensamento abstrato. Os territórios dos quilombos, dos povos originários, dos pescadores, dos moradores de rua, os territórios dos que estão foragidos, refugiados. O mundo está sendo tomado por essas realidades e nós precisamos responder a ecologia integral a esses grandes desafios que nós temos.
É possível ter esperança diante de um quadro de destruição tão grande?
Penso que nós temos poder de destruir muita coisa, mas nós não temos poder de destruir o amor. O amor precisa de nós, concorda? Ele é divino e quis precisar de nós, mas ele, mesmo quando é morto, ele tem a força de ressurgir. É assim que eu vejo, no corpo pascal de Cristo, o maior descartado da história. É assim que a gente vê na força de nossos mártires. Ninguém tem, por maior poder e dinheiro, capacidade de eliminar de uma vez por todas uma voz que se ergue em favor da vida. Não tem. Eu venho de uma escuta tão profunda das feridas da terra e dos pobres que cheguei a pensar assim: quiseram enterrá-los, mas se esqueceram que são sementes. Quando se tenta, por maior poder que seja, barrar a vida de algum lugar, ela renascerá. Nós não temos o poder absoluto do fim da história, do fim da criação. Nós somos apenas contribuidores, parceiros dessa obra. Acho que isso é um princípio espiritual que talvez una todas as religiões. E não ainda o desespero, porque ele só serve a quem está dominando. Desespero não é opção.
Ou seja, ainda não é o ponto final.
Há um mistério que transpõe a nossa capacidade de dizer ponto final. Não somos o ponto final. Nós somos apenas uma escrita em curso, mas o ponto final não nos pertence. Portanto, a palavra que mais me vem ao coração é o amor. Amor ninguém tem capacidade de vivê-lo nem totalmente e nem de destruí-lo totalmente. Ele é como o escrito poético que a gente também faz. Depois de escrito, ele sai das mãos da gente e se torna outra coisa, independente. O amor tem uma certa autonomia. Ele não se prende às nossas fronteiras de credos, de raças, de culturas. Ele é maior do que nós todos. Precisa de nós, mas ele de fato não se restringe às nossas cegueiras do momento. Por isso, eu acho que a grande transição que virá – e tem que vir – é civilizatória, passará por um grande pacto de amor. Para jogar na cara de todos os ímpios, os guerreiros que destroem, que não vale nada isso de lutar por fronteiras, levantar muros, porque isso tudo aí pertence não a nós. Olhe, ainda que seja por um único gesto, por uma única respiração, uma única ação de amor, eu diria que já terá valido a pena ter nascido gente nessa terra, nesse universo. Nem que seja por um único fio de amor, vale a pena ter sido gente. E eu gostaria que esse fio então, se espalhasse, ganhasse raízes, porque a gente sabe que nós somos essa dinâmica proporcional de vida e morte. Nós somos pequenos, mas não somos pedaços, eu escutei isso esses dias.
O que mais podemos dizer diante disso?
Primeiro, penso que se o futuro não for feminino, não haverá futuro. Porque é de Maria que vem o colo, inclusive a Maria de Jesus, que vem o colo mesmo quando parece que não tem nenhuma vida a mais. Segundo, mesmo nos escombros de hoje, de tantas tragédias, não pense que os mártires estão dormindo. Eles têm direito sobre nós. O direito dos mortos na vida dos vivos. Quem nós já matamos por injustiça, não deixará a gente seguir em paz se a gente não buscar a justiça. Não deixará. Mas não é só a gente, a própria natureza. Se nós somos injustos com ela, ela não vai deixar a gente seguir o nosso curso feliz. Não vai. Portanto, ecologia também integral é uma forma da gente buscar justiça socioambiental. Não vale consertar, maquiar. Vale reparar integralmente aquilo que nós estamos colocando a perder há séculos ou nós não vamos dormir direito. As 272 vítimas da mineração em Brumadinho vão incomodar a gente sim. Vão, sempre. Por isso, nós temos que ser muito lúcidos também para convocar não só os vivos. Eu escutei vários mortos aqui de Aracaju, o rio que passava, não passa, foi soterrado. Eu só aviso, ele não está soterrado. Haverá uma hora que ele vai acordar. Os povos originários sabem muito bem disso. Uma hora esse rio que você injustamente soterrou, ele vai despertar. Assim como também nossos irmãos que foram e são mártires se despertam na nossa consciência. Portanto, a ecologia integral também é feita na memória daqueles que injustamente foram sacrificados pela ganância e pela nossa injustiça.