25 Mai 2023
No dia 23 de maio, o enviado de paz do Papa Francisco à Ucrânia, um veterano dos esforços da Igreja Católica na mediação de conflitos, criticou a guerra como uma “pandemia” e disse que todos os cristãos são chamados a ser pacificadores.
A reportagem é de Nicole Winfield, publicada por National Catholic Reporter, 23-05-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em seus primeiros comentários públicos desde que foi nomeado como enviado à Ucrânia, o cardeal Matteo Zuppi pediu a criação de uma cultura de paz para responder à “profunda ansiedade, às vezes não expressada, muitas vezes não ouvida, dos povos que precisam de paz”.
O Vaticano confirmou no dia 20 de maio que Francisco havia incumbido Zuppi de uma missão “para ajudar a aliviar as tensões no conflito na Ucrânia, na esperança sem fim do Santo Padre de que isso possa dar início a caminhos de paz”. Nenhum detalhe a mais foi divulgado, e o Vaticano disse que tais detalhes ainda estão sendo estudados.
Zuppi, 67 anos, é arcebispo de Bolonha, presidente da Conferência Episcopal Italiana e um veterano das iniciativas da Igreja Católica de mediação de paz por meio de sua filiação de longa data à Comunidade de Santo Egídio. Por meio dessa instituição de caridade com sede em Roma, Zuppi ajudou a mediar os acordos de paz dos anos 1990 que puseram fim às guerras civis na Guatemala e em Moçambique, e chefiou a comissão de negociação de um cessar-fogo no Burundi em 2000, segundo a Santo Egídio.
Um pastor no estilo de Francisco e considerado “papável” – tendo as qualidades de um futuro papa – Zuppi foi nomeado no ano passado para chefiar a conferência dos bispos italianos e, nessa função, abriu a assembleia de primavera da conferência no dia 23 de maio com um amplo discurso sobre a Igreja italiana que também abordou a questão da Ucrânia.
Citando Francisco, Zuppi lembrou as frequentes e emotivas expressões de solidariedade do pontífice com o povo ucraniano “martirizado” e pareceu abordar as frequentes críticas à tradição diplomática de neutralidade do Vaticano e a relutância de Francisco em criticar publicamente o Kremlin.
Zuppi sugeriu que Francisco não era de forma alguma neutro ao exigir a paz.
“Somos gratos hoje pela profecia dele, tão rara hoje, quando falar de paz parece ser evitar tomar partido ou não reconhecer responsabilidades”, disse ele.
Ao dizer que todos os cristãos são chamados a fazer sua parte para promover a paz, ele disse: “A guerra é uma pandemia. Ela envolve a todos nós”.
“A Igreja e os cristãos creem na paz. Todos somos chamados a ser pacificadores, ainda mais na terrível tempestade de conflitos”, disse ele.
Francisco anunciou a existência de uma missão de paz enquanto voltava da Hungria no mês passado, onde se encontrou com um enviado da Igreja Ortodoxa Russa, que tem apoiado fortemente a guerra. Nas semanas seguintes, Francisco se encontrou no Vaticano com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que deixou claro que não aceitaria concessões territoriais e rejeitou a referência de Francisco às vítimas de ambos os lados do conflito, dizendo que não pode haver equivalência entre vítima e agressor.
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Enviado de paz do papa à Ucrânia diz que guerra é uma “pandemia” que afeta a todos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU