Zelensky diz não à mediação do Papa Francisco: o impasse nas palavras do presidente ucraniano e nas frias linhas do Vaticano

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15 Mai 2023

Um fechamento que o certifica o impasse. As esperanças colocadas no encontro cara a cara entre o Papa Francisco e Volodymyr Zelensky desapareceram em 40 minutos, o tempo da audiência privada entre o pontífice e o presidente ucraniano. Bastou esperar o resumo do número um de Kiev após o encontro para entender como a linha da Ucrânia, no momento, não se cruza com aquela de Bergoglio. Pelo menos publicamente.

A reportagem é publicada por Il Fatto Quotidiano, 14-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Zelensky falou de "honra" em se encontrar com Francisco, a quem confiou o aspecto humanitário ligado às crianças deportadas para a Rússia, mas como em qualquer comunicação que contenha um "porém" ou um "mas", é a parte seguinte que conta. E o líder ucraniano, de fato, continuou: “Mas ele conhece minha posição, a guerra está na Ucrânia e o plano deve ser ucraniano. Estamos muito interessados em envolver o Vaticano na nossa fórmula para a paz".

Em suma, o pedido público é subscrever os dez pontos propostos por Kiev e aos quais, ressaltou Zelensky, Vladimir Putin já respondeu com mísseis. Para o presidente ucraniano, essa fórmula de paz é "o único algoritmo eficaz para uma paz justa". E para a conseguir – “com todo o respeito a Vossa Santidade” – na sua opinião “não precisamos de mediadores”.

O segundo pedido a Francisco, além do interesse em trazer de volta as cerca de 19.000 crianças retiradas após a ocupação dos territórios, é, no máximo, tomar uma posição ainda mais clara: "Pedi para condenar os crimes russos na Ucrânia. Porque não pode haver igualdade entre a vítima e o agressor". Se não for um naufrágio das tentativas do Vaticano, é pelo menos um impasse. Resumido nas linhas frias divulgadas pela Santa Sé, também com referência ao posterior encontro entre Zelensky e o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário de relações com os Estados e organizações internacionais da Secretaria de Estado, uma espécie de "ministro das Relações Exteriores" do Vaticano, em que é reiterada a "necessidade de continuar os esforços para alcançar a paz".

Os tons são tão cordiais quanto é perceptível a distância que resta entre a orientação vaticana e a ideia que Zelensky tem para a resolução do conflito. O único terreno comum, por enquanto, são as crianças deportadas a serem levadas de volta para a Ucrânia. O Papa assumiu o compromisso de mediar com a Rússia. Aliás, esse é precisamente um dos dez pontos de paz propostos por Kiev. E a esperança de Francisco é que também seja uma maneira para depois começar a falar de forma profícua sobre outras coisas.

A via é muito mais estreita do que se imaginava nos últimos meses, ainda que em seu discurso vespertino Zelensky fale de uma "conversa que poderia realmente influenciar a história, poderia realmente ajudar a parar o mal da agressão.” E acrescentou que acredita que “a vontade e a sinceridade de Sua Santidade possam aproximar a implementação da nossa fórmula de paz, podem aproximar uma paz justa e honesta”. 

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