"Os próximos passos são difíceis de determinar, mas o anúncio recente da visita do Papa ao Japão no próximo ano é uma indicação. Em 2019, no caminho para o Japão ou em seu caminho de volta, o Papa talvez também possa ir para a China", escreve Francesco Sisci, sinólogo, autor e especialista em questões sobre a China, professor da universidade de Renmin, em Beijing, em artigo publicado por Settimana News, 22-09-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Eis o artigo.
Nos próximos séculos, poucas coisas serão lembradas mais intensamente do que o acordo de 22 de setembro entre a China e a Santa Sé.
O acordo é sobre a primeira divisão da esfera de interesses da China entre política e religião. Trata-se de ajudar a dar continuidade a modernização da China.
Mas possivelmente também é algo relevante para o encontro há muito tempo conturbado entre o Oriente e o Ocidente. O Vaticano pode ser muitas coisas, mas, sobretudo, representa a continuidade histórica de milhares de anos da civilização ocidental.
O governo chinês também representa a continuidade de três milênios de história. A normalização implica também que estas duas civilizações, duas histórias milenares, se encontram como iguais pela primeira vez, em paz, sem o ódio da guerra ou os cálculos mesquinhos do comércio.
Estas considerações superam de longe todos os outros elementos que são, ou estão fadados a ser, muito controversos, mas que também serão revisados em tempo, como afirma o acordo.
Os dois lados mostraram grande coragem e visão ao remover séculos de desconfiança mútua e abraçar um futuro que é aberto e ainda muito incerto.
O presidente Xi Jinping, pela primeira vez, reconheceu e confirmou o papel da Igreja na China e o Papa Francisco e seu secretário de Estado Pietro Parolin, pela primeira vez, foram autorizados a entrar oficial e pacificamente na China, em um momento histórico muito delicado.
Ventos de guerra comercial, e até mesmo da Guerra Fria, estão soprando forte na China agora. A China não é mais o sonho cor-de-rosa da imprensa internacional.
Muitos estão céticos e cautelosos sobre a direção que a China está tomando. Então, é ainda mais importante que, exatamente neste momento, a Santa Sé possa intervir e ajudar nessas tensões.
Os próximos passos são difíceis de determinar, mas o anúncio recente da visita do Papa ao Japão no próximo ano é uma indicação. Em 2019, no caminho para o Japão ou em seu caminho de volta, o Papa talvez também possa ir para a China.
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China-Santa Sé. Um acordo histórico. Artigo de Francesco Sicsi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU