18 Fevereiro 2022
Para a Anistia Internacional, as empresas farmacêuticas não estão à altura da histórica crise global de saúde e direitos humanos deflagrada pela Covid-19. A ONG as acusa de "monopolizar a tecnologia", "opor-se à quebra de patentes", "faturar vacinas a preços elevados" e "não vendê-las para países pobres". Apenas 4% das pessoas que vivem em países de baixa renda receberam as duas doses da vacina até o final de 2021, de acordo com seu último relatório.
A reportagem é publicada por Rádio França Internacional – RFI, 14-02-2022.
“Ao não garantir a igualdade de acesso às vacinas, as empresas farmacêuticas contribuíram para a catástrofe dos direitos humanos em 2021”: essa é a acusação mais importante da Anistia Internacional (AI) em seu relatório intitulado "Quando o dinheiro governa: A resposta das empresas farmacêuticas à crise das vacinas contra a Covid-19".
As autoridades públicas investiram bilhões de dólares em pesquisas para obter vacinas contra a Covid-19, mas as empresas que as desenvolveram agiram em seu próprio benefício, denuncia a AI.
“Essas empresas poderiam ter sido os heróis de 2021, mas, em vez disso, deram as costas às pessoas que mais precisavam da vacina e simplesmente continuaram a fazer negócios como de costume, priorizando seus lucros ao invés do bem-estar de seres humanos”, disse Rajat Khosla, diretor geral de pesquisa da Anistia Internacional.
Em 2021, a Pfizer/BioNTech e a Moderna projetaram lucros de até US$ 54 bilhões, lembra a ONG, e apenas 2% de suas vacinas foram enviadas para países de baixa renda.
A Sinova e a Sinopharm nem chegaram a 2%, 0,5% e 1,5%, respectivamente. Outras empresas, como Johnson & Johnson e AstraZeneca, destinaram 50% de suas ações a países pobres ou de renda moderada, mas grande parte foi doada por outros países. A AI também critica a recusa delas em compartilhar tecnologia e propriedade intelectual, ou seja, de quebrar patentes das vacinas.
No ano passado, foram produzidas 10 bilhões de doses de vacinas contra a Covid-19, mais do que suficiente para atingir a meta de vacinação global de 40% estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas apenas 4% da população de países de baixa renda recebeu isto, denuncia a Anistia Internacional.
“Se queremos que 70% da população mundial seja vacinada até meados de 2022, as empresas farmacêuticas devem priorizar os países pobres”, disse Rajat Khosla.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
‘Quando o dinheiro manda’: o relatório devastador da Anistia Internacional contra farmacêuticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU