Cardeal Hollerich, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE), envia carta a Kirill

Jean-Claude Hollerich (Foto: Reprodução Vatican News | YouTube)

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11 Março 2022

 

"Compartilhando os sentimentos de angústia e preocupação repetidamente expressos pelo Papa Francisco pelos 'rios de sangue e lágrimas derramados na Ucrânia', ouso implorar a Sua Santidade no espírito de fraternidade: por favor, dirija um apelo urgente às autoridades russas para que cessem imediatamente as hostilidades contra o povo ucraniano e mostrem boa vontade para buscar uma solução diplomática para o conflito, baseada no diálogo, no bom senso e no respeito ao direito internacional, permitindo corredores humanitários seguros e acesso irrestrito à assistência humanitária", escreve o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo, que, desde 2018, é presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE), em carta dirigida ao Patriarca Kirill, publicada por Settimana News, 10-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis a carta.

 

Bruxelas, 8 de março de 2022

 

Santidade, é com profunda dor no coração que me dirijo ao senhor hoje como Presidente da Comissão das Conferências Episcopais Católicas da União Europeia (COMECE) e como irmão fiel em Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Com o coração partido, ouvimos as vozes de nossos irmãos e irmãs que sofrem com a loucura da guerra na Ucrânia, cujas terríveis consequências estão diante de nossos olhos. Milhares de pessoas - tanto soldados quanto civis - já perderam a vida e mais de um milhão de pessoas foram deslocadas ou fugiram de sua terra natal, a maioria mulheres e crianças.

 

Enquanto os violentos ataques atingem a Ucrânia e seu povo com maior força a cada dia, e a necessidade de assistência humanitária aumenta dramaticamente de hora em hora, os esforços diplomáticos até agora não tiveram sucesso. Além disso, à medida que palavras e ações continuam a se intensificar, não pode ser descartada a possibilidade de um mais amplo conflito europeu ou até mesmo global com consequências catastróficas.

 

Nestes momentos sombrios para a humanidade, acompanhados de intensos sentimentos de desespero e medo, muitos olham para o senhor, Sua Santidade, como alguém que poderia trazer um sinal de esperança para uma solução pacífica para este conflito.

 

Em 2016, o senhor deplorou junto com Sua Santidade o Papa Francisco "a hostilidade na Ucrânia, que já causou muitas vítimas, infligiu inúmeras feridas aos habitantes pacíficos e mergulhou a sociedade em uma profunda crise econômica e humanitária" - solicitando a ações destinada a construir a paz e a solidariedade.

 

Por favor, não deixe que essas palavras poderosas sejam em vão.

 

Compartilhando os sentimentos de angústia e preocupação repetidamente expressos pelo Papa Francisco pelos "rios de sangue e lágrimas derramados na Ucrânia", ouso implorar a Sua Santidade no espírito de fraternidade: por favor, dirija um apelo urgente às autoridades russas para que cessem imediatamente as hostilidades contra o povo ucraniano e mostrem boa vontade para buscar uma solução diplomática para o conflito, baseada no diálogo, no bom senso e no respeito ao direito internacional, permitindo corredores humanitários seguros e acesso irrestrito à assistência humanitária.

 

Como Sua Santidade salientou durante seu recente encontro com o Núncio Apostólico na Federação Russa, “a Igreja pode ser uma força pacificadora”. Neste tempo de Quaresma, como cristãos, proclamando o mesmo Evangelho e orando ao mesmo Deus, que é o Deus da paz e não da guerra, oremos e façamos o nosso melhor para ajudar a pôr um fim a esta guerra insensata para que a reconciliação e a paz possam retornar ao continente europeu.

Respeitosamente seu em Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

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