Greenwashing: Petrobras e políticos exageram ação ambiental e minimizam danos da exploração de petróleo

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24 Novembro 2025

Usando a cartilha de grandes petroleiras, a Petrobras tem utilizado ferramentas de greenwashing para comunicar ações de redução de suas emissões, enquanto omite que planos a curto prazo miram na expansão de petróleo e gás – e tudo isso com respaldo de muitos políticos. É o que aponta análise do Estadão Verifica, equipe de fact-checking que analisa conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais e no WhatsApp.

A informação é publicada por ClimaInfo, 23-11-2025.

A ONU define como prática de greenwashing ações que promovem uma empresa de forma positiva, passando uma ideia de avanço maior do que o real, o que atrasa a ação climática e a adesão a medidas concretas.

As petroleiras são as principais responsáveis pelo aquecimento global, e a maior parte da poluição está na queima dos combustíveis fósseis pelo consumidor, ou seja, no fim do seu ciclo de vida. Todas as formas de redução de emissões dispostas pela Petrobras podem, no máximo, reduzir 20% das emissões que ela produz.

Para convencer uma população cada vez mais alerta sobre os impactos da crise climática, a petroleira busca perfis de influenciadores, com números de seguidores até duas vezes o dobro do seu perfil, para reforçar sua narrativa. É o caso de Francine Oliveira, que em um vídeo que alcançou 4,5 milhões de visualizações afirma que a empresa inova na transição energética justa, mostra reportagem da Agência Pública.

Diversos políticos apoiam essa narrativa. É o caso do governador do Amapá, Clécio Luís, que ao defender as pesquisas da Petrobras no bloco 59 na Foz do Amazonas, afirmou: “Nós somos o estado mais preservado, mais protegido. Fizemos nosso dever de casa. Temos direito de viver com dignidade aqui no Amapá”.

Essa técnica de greenwashing é chamada de “desvio de responsabilidade”, explica o pesquisador do Potsdam Institute for Climate Impact Research William Lamb. Ao citar o nível de preservação do território, o governador aponta que o ônus da mitigação das mudanças climáticas não é de sua responsabilidade. Vale lembrar que, como já mostramos aqui, mesmo se ficar em pé, a Amazônia pode morrer devido às altas temperaturas – a floresta já vem sentindo esses impactos.

Lula também defende a exploração e abertura de novos poços, sugerindo que as potenciais receitas do petróleo podem financiar a transição energética. Porém, o diretor de política internacional do Observatório do Clima, Claudio Angelo, é cético quanto a essa possibilidade.

“Se fosse o caso de esse dinheiro pagar a transição energética, ele já deveria estar pagando. A gente produz muito petróleo no pré-sal há 15 anos”, afirmou. “Não está acontecendo e não tem nenhuma indicação que vá acontecer.”

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