16 Outubro 2025
Esta é uma notícia difícil de assimilar, pelo menos para aqueles que seguem os cânones dominantes. De fato, somente foi noticiada pelo il manifesto já um mês atrás: o SpinTime, um grande edifício ocupado para fins habitacionais e sociais no bairro Esquilino, em Roma, sediará o Encontro Mundial dos Movimentos Populares a partir da próxima semana, como parte das iniciativas do Jubileu.
A informação é de Giuliano Santoro, publicado por il Manifesto, 15-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas, se até agora política e mídia, em tempos de ameaças ao dissenso e demonização das ocupações, fingiram não perceber a situação, isso se tornou mais difícil nos últimos dias, pois a Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou uma coletiva de imprensa anunciando oficialmente o evento e definindo sua programação e motivação.
Assim, hoje ao meio-dia, nos espaços da Via della Conciliazione, o Jubileu dos Movimentos Populares será apresentado pelo Cardeal Michael Czerny, que desempenha a função de prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral; pelo Padre Mattia Ferrari, coordenador da plataforma do Encontro Mundial dos Movimentos Populares; e por Micheline Mwendike Kamate, escritora congolesa e representante dos movimentos populares africanos.
Czerny lidera o dicastério criado pelo Papa Francisco, que incorporou o Pontifício Conselho Justiça e Paz, a partir de janeiro de 2017. Desde outubro de 2018, ele é membro do Sínodo dos Jovens e, desde 2019, atua como secretário especial do Sínodo para a Região Pan-Amazônica sobre a Amazônia. Ele foi nomeado cardeal pelo próprio Francisco em 2019, apesar de nunca ter sido bispo.
Nos últimos meses, os ocupantes do SpinTime receberam o mandato político para organizar os trabalhos e orientar a conversa do comitê político do encontro, que é composto em grande parte por organizações leigas que, no caminho idealizado por Francisco, deveriam ter se tornado autônomas do Vaticano, mesmo agindo em sintonia com determinados setores da Igreja. Entre elas, estão o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Brasil, a União dos Trabalhadores da Economia Popular da Argentina, a Slum Dwellers International, o Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos, a Rede Pico dos Estados Unidos e a Mediterranea Saving Humans.
Então, de 21 a 24 de outubro, mais de cem delegações de movimentos de todo o mundo se reunirão nos espaços do prédio ocupado na Via Santa Croce di Gerusalemme com o objetivo (inteiramente político) de aumentar sua independência, fortalecer redes, construir campanhas comuns e até mesmo redigir um documento que no final será entregue ao Papa Prevost. Além disso, durante o evento, representantes de movimentos globais se reunirão com a sociedade civil e movimentos romanos no final da tarde, durante assembleias abertas realizadas na vizinha Piazza Vittorio.
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