Assassinato de Kirk. Os católicos voltam a brigar: "Mártir da fé", "Não, insultava Bergoglio". Artigo de Fabrizio D'Esposito

Foto: Gage Skidmore | Flickr

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23 Setembro 2025

"O assassinato de Charlie Kirk reacendeu o conflito entre católicos, que havia efetivamente esfriado desde a morte de Francisco e a subsequente eleição de Leão XIV", escreve Fabrizio D'Esposito, professor italiano, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 22-09-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

O assassinato de Charlie Kirk reacendeu o conflito entre católicos, que havia efetivamente esfriado desde a morte de Francisco e a subsequente eleição de Leão XIV. O que causa divisão é a figura do fundador da Turning Point USA, de 31 anos, evangélico, mas próximo da conversão católica, conforme noticiado por diversos meios de comunicação. O cardeal-arcebispo Dom Timothy Dolan, de Nova York, considerado conservador e trumpiano, e destacado apoiador no Conclave de Prevost, definiu Kirk como "um São Paulo moderno", ou seja, "um missionário, evangelista e herói".

A prematura canonização do evangélico Kirk, no entanto, foi duramente contestada pelo National Catholic Reporter (NCR), uma prestigiosa publicação quinzenal de católicos liberais e progressistas. Um editorial do NCR, além de evocar o tom racista e sexista da fé de Kirk, lembra que o jovem evangelista acusou o Papa Francisco de ser "herético, marxista e corrupto". E também é citada uma citação de Kirk, extraída de uma entrevista: "Quero uma Igreja Católica melhor. Eu, pessoalmente, não poderia fazer parte de uma instituição com uma figura de fachada cuja visão de mundo é tão corrupta e contrária ao que acredito que a Bíblia ensina".

Na Itália, entre os clericais de direita, destacou-se o ex-senador antigay Simone Pillon, atualmente na Liga, mas que se tornou um fervoroso apoiador do general Roberto Vannacci. Pillon escreveu ao cardeal Matteo Zuppi, presidente da CEI, para criticar o Avvenire, pois o jornal dos bispos, em um comentário, não exalta Kirk como mártir morto por ódio à fé, como o membro da Liga Norte gostaria, mas o descreve como um "influenciador trumpista, supremacista e negacionista das mudanças climáticas e da Covid". A direita católica também não apreciou a atitude morna do Vaticano, com seus silêncios eloquentes e declarações do papa vazadas pela sala de imprensa ("Rezo por ele e sua família"), mas não proferidas publicamente.

Ao contrário de outro cardeal, além de Dolan, que reconheceu em Charlie Kirk a definição de mártir. Trata-se do teutônico Gerhard Ludwig Müller, prefeito do antigo Santo Ofício na época do Papa Ratzinger.

Müller disse em uma entrevista a uma renomada jornalista estadunidense e clerical, Diane Montagna: "Charlie Kirk era um cristão devoto. De uma perspectiva sobrenatural, ele não morreu como vítima de um assassinato político, mas como mártir de Jesus Cristo — não no sentido daqueles que são canonizados, mas como alguém que deu testemunho por meio de sua vida. Ele deu sua vida seguindo seu Senhor, como sacrifício pela verdade de que o homem é feito à imagem de Deus, homem e mulher, e em oposição às mentiras e à automutilação promovidas pela chamada ideologia trans".

Um mártir da fé, um mártir cristão, um mártir da verdade, mas jamais em mártir da liberdade de expressão. Foi o que escreveu o Corrispondenza Romana, o site do professor Roberto de Mattei. A liberdade de expressão, explica, é um conceito liberal errado que abrange tanto o erro quanto a verdade. E em nome do erro, se acaba por censurar a Verdade, com o V maiúsculo.

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