Pier Giorgio, antifascista: "O governo é podre, abaixo as tiranias"

Foto: Wikimedia Commons | German Federal Archives

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09 Setembro 2025

"Nós, sortudos, hoje podemos gabar-nos de sempre termos sido contra esse partido, formado por uma associação criminosa, ladrões, assassinos ou idiotas, que, em suma, é o fascismo agora", esceve Pier Giorgio Frassati, em carta de 1924, publicada por La Stampa, 08-09-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

A carta é extraída do livro de Primo Soldi "San Pier Giorgio Frassati: l’uomo delle otto beatitudini” (São Pier Giorgio Frassati: o homem das oito bem-aventuranças, em tradução livre, Editora Elledici).

Eis a carta.

Caríssimo Tonino, você lerá no jornal que ontem sofremos uma pequena devastação na nossa casa por causa dos porcos fascistas. Foi um ato covarde, mas nada mais. Estávamos tranquilamente à mesa, e eram 12h45 quando ouvimos tocar a campainha. Mariscia correu para olhar e viu um jovem bastante bem-vestido pela janela; pensando que fosse meu amigo, abriu uma fresta na porta. Ele imediatamente pediu para falar com o "Com. Frassati", ao receber resposta negativa forçou a porta e, gritando "entrem", entrou na casa junto com outros cinco. Estávamos comendo tranquilamente quando ouvimos os gritos de Mariscia. A princípio, pensei que fossem ladrões, mas então, assim que cheguei ao corredor e vi um deles tratando de tirar o telefone do gancho, imediatamente pensei nos fascistas, e o sangue correu mais rápido em minhas veias naquele instante. Me joguei sobre aquele canalha gritando "canalhas, covardes e assassinos", assentei-lhe um soco.

Corajosamente, assim que os patifes ouviram a voz de um homem, correram porta afora e fugiram, perseguidos por mim e Italo. Lá fora havia um carro à sua espera. Entretanto, conseguiram quebrar dois espelhos. Depois, houve um vaivém de comissários, carabinieri, juízes de instrução, Procurador do Rei. . . São pessoas sem nenhum pudor; depois dos acontecimentos de Roma, já não deveriam mais andar por aí, mas se envergonhar por serem fascistas; em vez disso, continuam a dar prova do que sempre foram e sempre serão. Agora, são suas últimas façanhas, as façanhas da agonia, porque o governo já está tão podre que, se os cirurgiões não intervirem prontamente para cortar a parte gangrenosa, não haverá mais esperança sequer de salvar uma pequena parte.

Nós, sortudos, hoje podemos gabar-nos de sempre termos sido contra esse partido, formado por uma associação criminosa, ladrões, assassinos ou idiotas, que, em suma, é o fascismo agora. E agora lhe deixo, desabafei minha alma com você que sei que compartilha minhas mesmas ideias, e lhe deixo gritando: viva Matteotti, viva a liberdade, viva a Democracia Cristã. Abaixo as tiranias.

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