01 Julho 2025
"Não sei se essa extensão aos direitos individuais da batalha pelos direitos, aquela que afeta a alta política, as guerras, os crimes contra a humanidade, beneficiará aqueles que lutam pela liberdade ou contribuirá para restringir ainda mais os direitos dos mais fracos, no caso de terminar com a vitória dos Orban, dos Putin, dos Netanyahu e dos Trump. Mas não há mais tempo, o tempo de ser neutros acabou".
O artigo é de Anna Foa, historiadora, escritora, intelectual da religião judaica, publicado por La Stampa, 29-06-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Num mundo onde os direitos que tínhamos dado como garantidos durante anos são atropelados todos os dias, o caso da Parada do Orgulho em Budapeste expressa o surgimento de uma nova frente importante, a da liberdade sexual e de gênero.
A lista de direitos que foram colocados em perigo nos últimos anos é longa e sempre crescente: o de não morrer sob as bombas, de não ver hospitais destruídos e crianças morrer de fome ou sede, como em Gaza, e a própria casa assaltada por colonos como na Cisjordânia. O de ter instituições internacionais respeitadas e reconhecidas, a ONU, mas também tribunais internacionais capazes de julgar crimes de guerra e crimes contra a humanidade, como no mundo melhor que havia se imaginado após os horrores da Segunda Guerra Mundial. O de não ser agredidos pelo vizinho e obrigados a uma terrível e sangrenta guerra de defesa, como na Ucrânia. O de ser resgatados no mar, para os refugiados que fogem de seus países, evitando fazer dos mares imensos cemitérios. O de desfrutar de plena cidadania, se você nasce em um país e trabalha nele. E agora, o de ter o direito de decidir sobre a própria identidade sexual, de ter ou não filhos, de deixar um marido indesejado sem ser morta, de ter o direito a uma morte digna. Tantos direitos, e outros poderiam ser acrescentados, colocados em perigo ou até mesmo negados. Em todos os lugares, no mundo inteiro, em matéria de direitos é possível retroceder, como vemos continuamente. Basta pensar no Afeganistão: ainda tínhamos em nossos olhos o olhar brilhando de emoção das meninas afegãs que iam à escola pela primeira vez após a derrota dos Talibãs, em 2001, e voltamos a testemunhar todos os seus direitos sendo questionados, às mulheres sendo proibidas até de ler e escrever. Mas aqui na Europa, pensávamos que os direitos que o Orgulho expressa e defende, exceto para segmentos muito retrógrados da população, haviam sido dados como garantidos.
Nessa nossa Europa da União Europeia, em vez disso, assistimos na Hungria de Orbán, membro efetivo da UE, a uma proibição que combina a liberdade de manifestação com a liberdade de manifestação sobre a própria identidade. A campanha de Orbán contra as pessoas homossexuais iguala um país europeu ao Irã, onde os homossexuais enforcados balançam nas forcas. E a campanha contra o ius soli nos Estados Unidos, sancionada por uma recente decisão da Suprema Corte em apoio a Trump, nos lembra muito da Itália, também um país da União Europeia, onde o referendo sobre a cidadania destacou um número inesperado de votos "não" entre os votantes, portanto presumivelmente de esquerda.
Por que os direitos estão sob acusação, por que em nossa época ainda existe quem se arrogue o poder de decidir sobre a sexualidade dos outros, sobre sua existência? Que nega a eles o direito de morrer sem dor, de ser cidadãos do país em que nasceram? O que leva as pessoas a quererem impor aos outros, com a força e a dor, seus princípios, que só deveriam dizer respeito às suas vidas? Quando foi que os princípios éticos de alguns voltaram a ser imposições para todos?
O que está acontecendo em Budapeste, com a proibição de manifestações na Parada do Orgulho, contornada pela corajosa posição do prefeito da capital, faz com que os direitos que dizem respeito a cada um de nós se tornem, como aqueles que dizem respeito às guerras e seus crimes, um terreno privilegiado para o choque entre dois mundos, o dos opressores e o daqueles que lutam pela liberdade de todos. É por isso que o que está acontecendo hoje em Budapeste afeta a todos nós, porque diz respeito à nossa liberdade. É por isso que tantas pessoas de outros países lotaram as ruas de Budapeste, onde os seguidores de Orbán manifestam nas ruas seu ódio contra a liberdade.
Não sei se essa extensão aos direitos individuais da batalha pelos direitos, aquela que afeta a alta política, as guerras, os crimes contra a humanidade, beneficiará aqueles que lutam pela liberdade ou contribuirá para restringir ainda mais os direitos dos mais fracos, no caso de terminar com a vitória dos Orban, dos Putin, dos Netanyahu e dos Trump. Mas não há mais tempo, o tempo de ser neutros acabou.