20 Mai 2025
Espaços descentralizados articularão cultura e ativismo climático em áreas periféricas de Belém durante a conferência.
A informação é publicada por ClimaInfo, 19-05-2025.
A COP das Baixadas, coletivo formado por 15 organizações periféricas de Belém e Castanhal, criou as “yellow zones” (zonas amarelas) como alternativa às zonas oficiais da COP30. Esses espaços buscam “descentralizar o debate climático e deixar um legado positivo” para as comunidades locais, segundo o movimento.
Quatro zonas já funcionam em locais como o Gueto Hub e a Barca Literária, com o objetivo de expandir para pelo menos 12 até a conferência. A iniciativa, como noticiou a Folha, tem como principal foco a mobilização de jovens da cidade que se transformará no epicentro mundial das discussões climáticas em novembro.
O nome “yellow” surgiu da ideia de representar a juventude (“young” ou “youth”), complementando as cores da bandeira do Brasil. Segundo o coletivo, essas zonas também visam “demarcar os territórios” e atrair investimentos para as comunidades. Durante a COP30, o coletivo será coanfitrião da Conferência da Juventude (COY), organizada pela Youngo, instância das Nações Unidas voltada para as juventudes.
Após a COP30, a ideia é de que as yellow zones se consolidem como espaços de referência em questões climáticas, abordando temas negligenciados, como racismo ambiental e direitos dos rios. Jean afirma que esses espaços serão “lugares que promoverão soluções de futuro e adaptação”. O movimento reforça a importância de ações locais e internacionais articuladas, sem “pulverizar momentos em que deveríamos estar juntos”, mas garantindo que as vozes das periferias sejam ouvidas.
Já a jovem campeã do clima para a COP30, Marcele Oliveira, destacou a importância em amplificar as vozes da juventude e das populações locais nas negociações internacionais, uma iniciativa articulada na COP28 para fortalecer a participação jovem nas políticas climáticas da ONU.
“Se a solução estivesse pronta, não estávamos na trigésima COP. O sistema que a gente vive hoje não considera a ação local, tecnologia social, criatividade e coletividade, mas quem historicamente protege o meio ambiente aponta esses caminhos. O mundo tem muito a aprender com as juventudes periféricas, ribeirinhas, indígenas e quilombolas do Brasil e do Sul global”, disse a jovem ao jornal O Globo.
A perspectiva da juventude na COP30 surge mais otimista que a de parlamentares e ambientalistas, que temem que a conferência seja instrumentalizada por lobistas e setores do agronegócio para promover interesses contrários à pauta ambiental, assim como ocorreu na COP29, marcada pelo lobby do petróleo e gás. O agronegócio já se mobiliza com eventos pré-COP, buscando transmitir uma “mensagem coesa” sobre o setor, destacou o Metrópoles.
Enquanto isso, segue a novela da hospedagem e da logística em Belém. O Valor informou que o governo federal quer resolver o problema da disponibilidade e dos preços dos leitos de hotel até o mês de junho. Já o Poder360 destacou que a plataforma prometida pelo governo para concentrar as reservas ainda não foi lançada, faltando menos de seis meses para a abertura da COP30.
A COP30 será, sim, em território amazônico, mas não se restringirá a tratar desse bioma brasileiro. Pelo menos é o que esperam representantes de diferentes organizações nos territórios de Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal ouvidos pelo Valor. Cada qual com suas singularidades - de clima, fauna, flora e processos de devastação - esses territórios contarão com articulações em busca de visibilidade e investimentos em prol da conservação na conferência.