14 Março 2025
A Comissão Independente de Inquérito sobre os Territórios Ocupados, presidida pela jurista Navi Pillay, relata “ataques intencionais” a centros de fertilidade. Resposta de Netanyahu: "Circo anti-israelita e antissemita".
A reportagem é de Fabio Tonacci, publicada por La Repubblica, 13-03-2025.
Um relatório da ONU acusa explicitamente Israel de “atos genocidas” contra palestinos e de violência sexual em Gaza. De acordo com a Comissão Independente de Inquérito sobre os Territórios Ocupados, criada em 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, as autoridades israelenses “atacaram intencionalmente” os principais centros de fertilidade, restringindo a chegada de medicamentos para mulheres grávidas e para cuidados neonatais na Faixa. “Eles destruíram parcialmente a capacidade reprodutiva dos palestinos em Gaza”, conclui o relatório divulgado hoje.
A presidente da comissão de inquérito, a jurista sul-africana Navi Pillay, diz que os ataques militares às maternidades e à principal clínica de fertilização in vitro em Gaza “tiveram repercussões em todos os aspetos da reprodução”. E, segundo a juíza, esses atos, que ela define como “medidas destinadas a impedir nascimentos” e que comprovariam “a sujeição intencional de um grupo de pessoas a condições de vida destinadas a provocar sua destruição física”, enquadram-se plenamente na definição de genocídio.
Violações que, acrescenta Pillay, causaram “sofrimento físico e mental imediato a mulheres e meninas” e “efeitos irreversíveis a longo prazo na saúde mental e na capacidade dos palestinos, como grupo, de terem filhos”. Pillay presidiu anteriormente o Tribunal Penal Internacional para Ruanda e também foi juíza no Tribunal Penal Internacional.
Esta não é a única acusação feita ao exército do estado judeu. Soldados, alega a comissão da ONU, usaram assédio sexual, “com mulheres até mesmo forçadas a se despir em público”, como uma estratégia de guerra para punir os palestinos durante o conflito de 15 meses.
O conteúdo do relatório, que obteve acesso aberto de todos os sites de notícias israelenses, é contestado e rejeitado por Israel. “A Comissão está explorando a violência sexual para promover sua agenda política pré-estabelecida e partidária, e é uma tentativa escandalosa de incriminar as Forças de Defesa de Israel”, respondeu a Embaixada de Israel em Genebra, contra-acusando a Comissão de reduzir seus padrões de verificação. “Só assim ele conseguiu incluir no relatório informações de fontes de segunda mão e não corroboradas. Esta é uma prática incompatível com as metodologias estabelecidas pelas Nações Unidas".
"O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas é um circo anti-israelense, um órgão antissemita, corrupto, que apoia o terrorismo e é irrelevante", comentou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.