O toque de Scicluna na Cúria Romana: ele pede uma conversão ao estilo sinodal

Arcebispo Charles Scicluna. (Foto: Reprodução | Arquidiocese de Malta)

Mais Lidos

  • Para a professora e pesquisadora, o momento dos festejos natalinos implicam a escolha radical pelo amor, o único caminho possível para o respeito e a fraternidade

    A nossa riqueza tem várias cores, várias rezas, vários mitos, várias danças. Entrevista especial Aglaé Fontes

    LER MAIS
  • Frente às sociedades tecnocientífcas mediadas por telas e símbolos importados do Norte Global, o chamado à ancestralidade e ao corpo presente

    O encontro do povo com o cosmo. O Natal sob o olhar das tradições populares. Entrevista especial com Lourdes Macena

    LER MAIS
  • Diante um mundo ferido, nasce Jesus para renovar o nosso compromisso com os excluídos. IHUCast especial de Natal

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

05 Dezembro 2024

  • O Papa não sentiu a necessidade de uma exortação pós-sinodal, mas acredito que isso ocorre porque ele sabe que a sinodalidade trata das relações transformadoras que praticamos no terreno. Inclusive na Cúria Romana.

  • Scicluna percebe que um dos desafios será a conversão da Cúria Romana para esse estilo de liderança, porque nós também devemos ser capazes de nos relacionar com a Cúria Romana, especialmente com os dicastérios, nesse espírito sinodal.

  • Quanto à questão da mulher na Igreja no Documento Final do Sínodo, o arcebispo não esconde certa decepção: "Acredito que poderíamos fazer melhor. O documento é importante. Mas é apenas um documento".

A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 04-12-2024.

"Eu adorei a conclusão do Sínodo ao ouvir o Papa Francisco basicamente dizer: 'Está bem, já é suficiente. Basta. Já falamos o suficiente. Já discutimos o suficiente. Já escrevemos o suficiente. Agora vamos sair e fazer.'” Um mês após o encerramento, o arcebispo de Malta, Charles Scicluna, reflete, em entrevista à revista America, sobre esse evento histórico do qual, destaca ele, a Cúria Vaticana também deve tomar nota.

"O Papa não sentiu a necessidade de uma exortação pós-sinodal, mas acredito que isso ocorre porque ele sabe que a sinodalidade, em última análise, trata das relações transformadoras que praticamos no terreno. Inclusive na Cúria Romana, é claro", destaca o arcebispo, de 65 anos, e um dos homens-chave deste Papa na luta contra os abusos na Igreja.

"Sou grato pela sabedoria do Papa. Ele disse: 'Estou aprovando este documento, e não haverá uma exortação pós-sinodal. Isso é tudo'”, ressaltando, assim, que "o trabalho realizado por este último sínodo é também a palavra e o magistério do Santo Padre. Isso é muito positivo. Ele também esteve muito presente. Ele estava lá quando foi lido e estava lá quando foi aprovado".

Scicluna percebe, após essas duas assembleias sinodais em anos consecutivos, que "um dos desafios, é claro, será a conversão da Cúria Romana para esse estilo de liderança, porque nós, bispos, também devemos ser capazes de nos relacionar com a Cúria Romana, especialmente com os dicastérios, nesse espírito sinodal".

"Precisamos incutir uma cultura de transparência e prestação de contas em todos os níveis. Em alguns âmbitos isso melhorou, mas ainda há trabalho a ser feito. A Cúria Romana não pode mais dizer: 'A lei é estabelecida aqui e deve ser obedecida lá fora'. Alguns interpretam a postura das mãos das estátuas de São Pedro e São Paulo em frente à Basílica Vaticana como se dissessem exatamente isso. Minha esperança é que haja uma nova interpretação mais inclusiva".

Sobre as mulheres, "poderia ter sido melhor"

Quanto à questão da mulher na Igreja no Documento Final do Sínodo, o arcebispo maltês não esconde certa decepção: "Acredito que poderíamos fazer melhor. O documento é importante. Mas é apenas um documento. Começaria com a experiência de ter mulheres em nossas mesas e de interagir conosco em um nível de igualdade".

"Essa é uma experiência transformadora muito importante, e, em última análise, é a experiência vivida que transforma as pessoas, não a teoria. Se você quer se relacionar com as mulheres, não se limite a falar ou escrever sobre elas. Relacione-se com elas! Em Malta, já temos mulheres no conselho do arcebispo, em nosso grupo de mídia, no tribunal, etc. Acredito que essa é a direção que devemos seguir".

"O documento está aberto à participação das mulheres em todos os aspectos da vida da Igreja. Mas, no fim das contas, é o que fazemos com ele que realmente transformará a Igreja, não o documento em si".

Leia mais