25 Novembro 2024
Apesar de se manterem imparciais no confronto, as forças libanesas foram atacadas de forma direta no domingo, quando um míssil atingiu uma de suas posições em Al Ameriya.
A reportagem é publicada por Página|12, 25-11-2024.
Pelo menos um soldado libanês morreu e outros 18 ficaram feridos neste domingo em um novo ataque aéreo israelense contra um quartel do Exército do Líbano em Al Ameriya, na zona costeira ao sul do país, que foi "gravemente danificado" no ataque, elevando o número de militares libaneses mortos para 41 desde outubro de 2023, um dia após a onda de bombardeios no Líbano.
O ataque foi denunciado em um comunicado das Forças Armadas libanesas, no qual informaram que "o inimigo israelense" atacou o acampamento, situado na rota que conecta Al Qalila a Tiro, a cerca de 10 quilômetros ao norte da fronteira com Israel, causando a morte de um de seus soldados.
O Exército israelense, por sua vez, reconheceu a autoria do ataque por meio de um comunicado, no qual afirmou que a zona faz parte do terreno ativo de combate contra o movimento pró-palestino, e indicou que os fatos serão investigados.
"O incidente ocorreu em uma área onde estão sendo travados combates contra a organização terrorista Hezbollah", diz o comunicado militar, publicado pelo Times of Israel.
No texto, as forças israelenses destacam, como têm feito em todo ataque contra o exército local – que se mantém fora de seu confronto com o Hezbollah –, que o objetivo do ataque não era a milícia do Líbano, mas o movimento xiita.
"O Exército lamenta o incidente e esclarece que estão lutando de maneira seletiva contra a organização terrorista Hezbollah, e não contra o Exército libanês", conclui o comunicado.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, condenou o ataque e reiterou que a comunidade internacional deve pressionar Israel para que detenha ações violentas em seu país.
"O ataque do inimigo israelense de hoje contra um quartel do Exército no sul (...) representa uma mensagem sangrenta de rejeição direta a todas as tentativas e comunicações atuais para alcançar um cessar-fogo", afirmou Mikati em um comunicado, em meio às tentativas de conter o confronto armado entre Israel e o grupo islamista.
Diante da resposta israelense às denúncias do ataque, o mandatário expressou sua frustração e insistiu que o ataque representa um obstáculo para um possível cessar-fogo. "As mensagens do inimigo israelense, que rejeitam qualquer solução, continuam e estão escritas com sangue libanês, em uma rejeição descarada à solução que está sendo discutida", lamentou o primeiro-ministro em uma mensagem publicada na rede social X.
Apesar de sua posição imparcial no conflito, o Exército libanês se viu novamente envolvido no confronto entre o Hezbollah e as forças israelenses, uma situação cada vez mais frequente desde o início da "incursão limitada" israelense no território do Líbano, em 23 de setembro.
Na quarta-feira passada, outro militar morreu devido a um ataque israelense contra um veículo do exército libanês no sul do país, segundo informou a própria milícia. Na ocasião, o Exército de Israel não fez comentários a respeito.
Com isso, pelo menos 41 soldados libaneses morreram em ataques israelenses desde que a guerra começou em outubro de 2023, apesar de as tropas libanesas não serem participantes do conflito, limitadas a realizar tarefas de socorro e monitoramento da situação.
No mesmo domingo, o grupo xiita libanês reivindicou o lançamento de dezenas de projéteis contra mais de uma vintena de bases militares e assentamentos no norte de Israel, em um aumento dos ataques da formação.
Pelo menos quatro quartéis-generais do Exército israelense foram alvos dos foguetes do Hezbollah, com impactos nos destacamentos de Birya, a principal base de defesa antiaérea; Dovev; a base Dado, sede do comando da Região Norte; e a base de Mishar, o principal quartel de inteligência do Estado israelense.
O movimento pró-iraniano também realizou vários ataques contra os assentamentos de Safed, Yir’on, Kfar Blum, Amir, Kerem Ben Zimra, Sasa, Merón, entre outros. Além disso, reivindicou ataques contra formações e veículos militares na localidade ocupada de Jiam, ao sul do Líbano.
O ataque ocorreu um dia após os bombardeios israelenses tirarem a vida de 84 pessoas e ferirem outras 213 em diferentes partes do Líbano, com maior incidência nas zonas sul e leste do país, bem como na capital.
Com esse novo balanço, o número de mortos subiu para 3.754 e o de feridos para 15.626 desde o início das hostilidades entre o grupo xiita Hezbollah e Israel, um dia após o início da guerra na Faixa de Gaza.
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Israel bombardeou um quartel do Exército libanês - Instituto Humanitas Unisinos - IHU