17 Setembro 2024
As autoridades de Gaza tornaram público no último domingo um documento de 649 páginas reunindo as 34.000 vítimas identificadas do massacre israelense. Um terço delas são crianças.
A reportagem é publicada por El Salto, 17-09-2024.
As autoridades palestinas publicaram no domingo, 15 de setembro, a lista das vítimas fatais da ofensiva israelense que recai sobre Gaza desde o dia 7 de outubro. Um total de 649 páginas nas quais figuram os nomes de mais de 34.000 pessoas assassinadas pelo exército sionista que o Ministério da Saúde de Gaza conseguiu identificar. O número é inferior às quase 42.000 baixas confirmadas e está longe da estimativa de 186.000 mortos incluída na revista científica The Lancet em um artigo publicado em junho passado.
Publicada na conta de Telegram do Ministério, a lista termina no final de agosto, sendo testemunha, com suas primeiras 14 páginas completas de nomes de bebês assassinados em quase um ano de massacre na Faixa de Gaza, do alcance letal da ofensiva, que tem se concentrado particularmente nas crianças, com um terço das vítimas sendo meninos e meninas, segundo as autoridades de Gaza.
Apesar da dificuldade de manter um registro das mortes em um território devastado pelos bombardeios e onde o sistema hospitalar colapsou, atores como a equipe de investigação Airwas identificaram uma correspondência notável entre os números oficiais distribuídos pelo ministério e os relatos nas redes sociais dos habitantes de Gaza.
“As primeiras 14 páginas são de menores de um ano, as primeiras 14 páginas são de menores de um ano”, repetia nas redes sociais a cientista especialista em saúde pública Prital Patel, referindo-se ao documento. “Os funcionários de Biden passaram quase um ano tentando nos convencer de que o massacre de bebês faz parte do direito de Israel de se defender”, clamava por sua vez a acadêmica Assal Rad.
E de fato, segundo apontaram na segunda-feira passada, em uma coletiva de imprensa conjunta em Genebra, vários especialistas das Nações Unidas, os dias de impunidade para Israel podem estar chegando ao fim. “Acredito que é inevitável que Israel se torne um estado pária diante de seu contínuo, implacável e humilhante ataque às Nações Unidas, acima de milhões de palestinos”, disse Francesca Albanese, uma das especialistas convocadas pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Essas vozes críticas questionaram a continuidade da adesão do estado sionista às Nações Unidas.
Alheio à comoção causada na comunidade internacional pelo que tem sido definido como um “genocídio de crianças”, Israel assassinou 35 palestinos em Gaza apenas ontem, enquanto bloqueia 83% da ajuda alimentar destinada à Faixa, onde meio milhão de pessoas estão expostas à fome. Ao mesmo tempo, refugiados nas costas, nos arredores de Deir al-Balah e Khan Younis, viram nos últimos dias a maré molhar suas tendas, representando um novo desafio diante de um novo inverno que se aproxima, sem que o genocídio cesse.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
14 páginas de nomes de bebês palestinos assassinados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU