24 Outubro 2024
O padre jesuíta Francisco de Roux foi denunciado criminalmente pelo suposto encobrimento do falecido padre Darío Chavarriaga, acusado de abusar sexualmente de um jovem e de suas sete irmãs na década de 70.
A informação é publicada por Religión Digital, 23-10-2024.
A denúncia foi apresentada contra o padre De Roux em 2014. A Companhia de Jesus realizou uma investigação e destituiu Chavarriaga do cargo de decano do meio universitário da faculdade de Odontologia da Javeriana, mas não levou o caso ao Ministério Público.
Nove ex-membros da verdade manifestaram nesta quarta-feira seu apoio ao padre jesuíta e pediram o esclarecimento dos fatos.
O padre jesuíta Francisco de Roux, ex-presidente da Comissão da Verdade da Colômbia, foi denunciado criminalmente pelo suposto encobrimento do falecido padre Darío Chavarriaga, acusado de abusar sexualmente de um jovem e de suas sete irmãs na década de 70.
Na última sexta-feira, um homem identificado como Fernando Llano Narváez denunciou em um congresso na Universidade Javeriana que ele e suas irmãs foram abusados sexualmente por Chavarriaga em 1976, quando estudava no Colégio Mayor de San Bartolomé de Bogotá, da comunidade jesuíta.
"Uma denúncia foi apresentada em 2014 ao padre Francisco de Roux. Já se passaram quase 50 anos desde os fatos, 10 anos desde a denúncia contra De Roux (...) De lá para cá, nada aconteceu conosco", expressou Llano em um vídeo publicado pelo jornalista Miguel Estupiñán no blog 'Hacia el umbral'.
Essa denúncia foi apresentada por Llano e suas irmãs contra De Roux, ex-presidente da Comissão da Verdade, porque em 2014 ele era o provincial da Companhia de Jesus na Colômbia e eles lhe contaram sobre todos os abusos que supostamente foram cometidos por Chavarriaga.
A Companhia de Jesus realizou uma investigação e destituiu Chavarriaga do cargo de decano do meio universitário da faculdade de Odontologia da Javeriana, mas não levou o caso ao Ministério Público, razão pela qual De Roux e outros padres, como Luis Javier Sarralde e Hans Zollner, foram denunciados criminalmente por supostamente encobrir o suposto pedófilo.
"Até hoje (...) nada aconteceu. Não houve nenhum tipo de reparação. O que a Igreja vai fazer agora com a intenção de nos reparar para que possamos obter a justiça que esperamos por tanto tempo?", expressou Ana Rosa Cristina Llano, uma das vítimas, durante o fórum.
O padre De Roux assegurou ao jornal bogotano El Espectador que está atento "ao chamado da justiça colombiana para responder sobre" sua conduta.
"Tenho apenas a dizer que, frente a este caso de abuso sobre o qual me perguntam e que conheci como superior provincial dos jesuítas na Colômbia em 2014, atuei com o respeito que sempre tive pelas vítimas", expressou e acrescentou: "Tomei com todo rigor as medidas canônicas que naquele momento estavam ao meu alcance para agir com uma dura sanção em justiça".
Nove ex-membros da comissão da verdade, por sua vez, manifestaram nesta quarta-feira seu apoio ao sacerdote jesuíta e pediram que os fatos sejam esclarecidos.
"Consideramos de extrema importância a escuta dos testemunhos de quem sofreu humilhações e violações de sua dignidade por parte de qualquer pessoa ou instituição, inclusive eclesiástica. É a justiça colombiana quem deve sancionar os responsáveis", afirmaram.
Rejeitaram, ainda, a pretensão de "desprestigiar a tarefa da Comissão da Verdade ao lançar uma sombra de dúvida sobre o compromisso com a verdade e a justiça de quem foi nosso presidente, com base em um caso ocorrido há uma década, quando Francisco de Roux era provincial da Companhia de Jesus".
A Comissão da Verdade, criada pelo acordo de paz de 2016 para investigar as causas e origens do conflito armado colombiano, apresentou seu relatório final em junho de 2022, após o que seu mandato foi considerado encerrado.