22 Outubro 2024
"A sequência é magistral, mas não é digna do Magistério. De fato, justamente por se tratar de um tema muito complexo, que não pode ser facilmente simplificado, era o caso de proceder de maneira radicalmente oposta: não retirando do debate sinodal a questão da ordenação diaconal da mulher", escreve Andrea Grillo, teólogo italiano, em artigo publicado por Come Se Non, 21-10-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Exemplar é a sequência de erros, cometidos em diferentes níveis do Sínodo (Pontífice, Secretaria do Sínodo, Dicastério para a Doutrina da Fé), para evitar abordar séria e plenamente uma questão que o Sínodo, em suas fases anteriores, havia identificado como importante, e sobre a qual ativar a escuta - a famosa escuta que parecia tão decisiva - teria sido o mínimo indispensável.
Em vez disso, com pouca visão, preferiu-se proceder com quatro movimentos, com os quais entramos num beco sem saída e agora, como crianças, batemos os pés e nos fechamos em silêncio. Vejamos a formidável sequência desse recuo e remoção progressivos.
Primeiro movimento: a separação de 10 tópicos confiados a “grupos de trabalho”, incluindo o tema em questão.
Segundo movimento: o fingimento sobre o Grupo de Estudo 5, que não é um grupo de estudo, mas um Dicastério da Cúria.
Terceiro movimento: o Dicastério passa diretamente a redigir um documento, cujas antecipações demonstram falta de doutrina e falta de experiência de escuta.
Quarto movimento: no momento em que a Assembleia Sinodal quer ouvir e discutir, simplesmente ninguém se apresenta, nem como Prefeito nem como Secretário.
A sequência é magistral, mas não é digna do Magistério. De fato, justamente por se tratar de um tema muito complexo, que não pode ser facilmente simplificado, era o caso de proceder de maneira radicalmente oposta: não retirando do debate sinodal a questão da ordenação diaconal da mulher.
Criando um grupo de estudo, não alternativo, mas paralelo, que fosse um grupo real e não o fingimento ou a mistificação de um grupo, para cobrir a bricolagem pouco inspirada de oficiais prontos apenas a dizer “sim senhor” não se sabe ao quê. Solicitando um debate com a experiência sinodal multifacetada e articulada, a fim de encontrar uma síntese eficaz e respeitosa, dialógica e aberta.
Não subtraindo nenhum interlocutor do debate entre diversos argumentos. Se o Dicastério tem argumentos mais fortes do que a Assembleia, ou ele realmente os exibe ou não pode pensar em se esconder, como tem feito até agora, apenas por trás de uma teologia da autoridade. Com esses quatro movimentos sem futuro, as coisas chegaram a tal ponto que seria o caso de zerar o pouco trabalho feito (apenas no plano da apologética, mas de quarta ordem) e começar a produzir algo sério e bem fundamentado, evitando preconceitos, fechamentos a priori ou idealizações agressivas. E que não se diga mais que discutir a “ordenação das mulheres ao diaconato” é uma forma de mortificar a autoridade delas. Lembremos sempre: ai daqueles que chamam o bem de mal e o bem de mal.
Senhores Cardeais e Senhores Oficiais, há pessoas sérias na Assembleia Sinodal. Deixemos esses joguinhos retóricos para os inexperientes, por favor. Aqui vamos trazer os argumentos, as palavras inspiradas, não os slogans. Caso contrário, vamos nos colocar à escuta, pelo menos para aprender alguma coisa. Em primeiro lugar, das mulheres.
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Mulheres e o diaconato removido do alto. Artigo de Andrea Grillo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU