03 Setembro 2024
Continuam as reações à descoberta dos cadáveres de seis prisioneiros israelenses. Biden afirma que Netanyahu não fez o suficiente para que os prisioneiros voltem para casa. Relatam demolições com escavadeiras em Jenin (Cisjordânia).
A reportagem é publicada por El Salto, 03-09-2024.
Quando se completam onze meses do início da campanha de extermínio desencadeada por Israel em 7 de outubro de 2023, as autoridades palestinas contabilizam pelo menos 40.786 pessoas mortas, sem contar o que poderiam ser milhares de corpos sob os escombros. Um dos últimos ataques ocorreu ontem, 1º de setembro, na escola Safad na cidade de Gaza, que abrigava pessoas deslocadas. O resultado é de onze assassinados.
Os problemas se acumulam para a população de Gaza, que não só é afetada pelos incessantes bombardeios, mas também pela proliferação de doenças derivadas das condições de fome e falta de higiene.
A ONG MedGlobal classificou como um sistema “completamente em colapso” a saúde em Gaza nessas condições, o que levou ao crescimento de infecções e doenças como a hepatite A. Especialistas alertam ainda para os efeitos devastadores que podem ter surtos de outras doenças como salmonela, shigella, cólera e a bactéria Escherichia coli.
A atualidade, faltando pouco mais de um mês para completar um ano do início do genocídio, é marcada pelos protestos contra o governo em Israel, mobilizações guiadas pela indignação após a descoberta, no sábado nos túneis de Gaza, dos cadáveres de seis dos prisioneiros detidos pelo Hamas desde 7 de outubro.
O exército israelense, as FDI, defende que os prisioneiros foram assassinados antes de o exército chegar aos túneis, mas a sociedade israelense tem protestado pelo que consideram um evidente desprezo do regime de Benjamin Netanyahu pela vida das duas centenas de pessoas que foram capturadas naquela data. Yair Lapid, líder da oposição pelo partido centrista Yesh Atid, expressou que “Netanyahu e o gabinete da morte decidiram não salvar” os seis reféns cujos corpos foram recuperados em Rafah.
Essa reivindicação por um acordo de cessar-fogo que termine com o retorno dos prisioneiros foi o leitmotiv de uma greve geral convocada hoje, 2 de setembro, pelo maior sindicato de Israel, Histadrut.
A greve deu continuidade a uma marcha de protesto que, ontem domingo, convocou dezenas de milhares de pessoas e que afetou a rodovia Ayalon, uma das principais artérias de Tel Aviv. Ao meio-dia, foi informado que um tribunal israelense ordenou que a greve geral fosse encerrada por estar “politicamente motivada”, o que levou a Histadrut a desconvocar a greve a partir das 14h30. No entanto, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas manteve as convocações e protestos hoje.
O protesto não é voltado à denúncia do genocídio, mas ao fato de que Netanyahu não está fazendo “tudo o que pode” pelos reféns, argumento que hoje foi endossado pelos Estados Unidos. Uma informação de Washington indicou que Joe Biden respondeu com um breve “não” à pergunta se Netanyahu está “fazendo o suficiente” para chegar a um acordo que leve os prisioneiros israelenses para casa. Este jornal também relata outro obstáculo para um possível cessar-fogo: o controle do corredor Filadélfia, uma faixa de terra de 14 quilômetros de extensão que separa Gaza do Egito. Biden afirmou que “a esperança é a última que morre” sobre a possibilidade de um acordo de cessar-fogo.
Alheio a essa situação, o exército israelense aprofundou sua ofensiva na Cisjordânia, onde as FDI mataram mais de 594 pessoas desde 7 de outubro, incluindo 115 crianças. Na semana passada, o exército multiplicou sua presença no território palestino ao oeste do Jordão por meio de incursões e ataques aéreos nas cidades de Tulkarm, Jenin e Tubas, matando mais de 30 pessoas: 18 na governadoria de Jenin, cinco em Tulkarm, quatro em Tubas e três em Hebron.
No início da tarde de segunda-feira, os relatos da agência Wafa informavam que as escavadeiras israelenses arrasaram as ruas do centro da cidade de Jenin.
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O Supremo israelense põe fim à greve geral enquanto continuam os ataques em Gaza e na Cisjordânia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU