12 Julho 2024
Os dois cenários projetados pela petroleira BP indicam que uso do combustível fóssil alcançará pico de 102 milhões de barris por dia no ano que vem.
A informação é publicada por ClimaInfo, 12-07-2024.
O comando da petroleira BP decidiu no ano passado cortar investimentos em renováveis e colocar mais e mais recursos na exploração de combustíveis fósseis. Mas talvez tenha que mudar novamente os rumos ao se olhar as projeções do relatório “Energy Outlook”, elaborado anualmente pela companhia, cuja versão 2024 foi lançada nesta semana.
O documento projeta que a demanda mundial por petróleo atingirá seu pico em 2025, trazendo um fim ao aumento das emissões globais de carbono em meados da década de 2020, em meio a um aumento da geração de energia eólica e solar, destaca o Guardian. Segundo o relatório, o uso de petróleo aumentará cerca de 2 milhões de barris por dia (bpd), alcançando o pico de cerca de 102 milhões de bpd no próximo ano.
O pico da demanda em 2025 é atingido nos dois cenários analisados pelo estudo, explica a Reuters. O cenário de “Trajetória Atual” é baseado nas políticas climáticas e compromissos de redução de carbono já em vigor. Já o cenário de “Emissões Zero” assume um endurecimento significativo das políticas climáticas alinhadas com o Acordo de Paris para reduzir as emissões de carbono do mundo em cerca de 95% até 2050.
Contudo, em relação ao gás fóssil, o Energy Outlook 2024 projeta situações diferentes. Sob o “Emissões Zero”, o uso desse combustível atingiria o pico em meados desta década antes de cair pela metade até 2050, em comparação com os níveis de 2022. Já a “Trajetória Atual” sugere que a demanda continuará a crescer ao longo da previsão, expandindo cerca de um quinto até 2050.
Apesar das projeções, o relatório chama atenção para o fato de que o mundo está se afastando muito lentamente dos combustíveis fósseis para reverter as mudanças climáticas, aumentando os riscos de que a transição energética seja “desordenada”, destacam Bloomberg e Bloomberg Línea. Os países permanecem em “ampliação no uso de energia”, seja de baixo carbono ou por combustíveis fósseis, e precisam passar para uma fase de “substituição”, frisa o documento.
Se essa tendência continuar até o início da década de 2040, o planeta pode esgotar o orçamento de carbono que limitaria o aumento de temperatura a 2ºC acima dos níveis pré-industriais, limite máximo do Acordo de Paris. “Quanto mais tempo levar para o mundo passar para uma transição energética rápida e sustentada, maior será o risco de um ajuste desordenado”, disse Spencer Dale, economista-chefe da BP. Esse caminho poderia acarretar imensos custos econômicos e sociais, reforça o documento.
Upstream e Energy Live News também repercutiram o relatório da BP.
