Chega de machismo na Igreja, mais espaço para as mulheres em todos os níveis eclesiais, mas sobre o diaconato feminino nenhuma decisão. Nem agora, nem este ano. Tudo como previsto na apresentação do Instrumentum laboris que acompanhará a reflexão da última sessão do Sínodo dos Bispos dedicado à sinodalidade, marcada para outubro. Portanto, não será a próxima assembleia que deliberará sobre a retomada (ou não) do papel das diáconas - um tema incandescente no debate eclesial -, mas sim um dos dez grupos de trabalho criados pelo Papa para abordar as questões pastorais mais concretas que surgiram durante a assembleia do ano passado. A expectativa é para junho de 2025, o prazo final para a apresentação da síntese do think tank de estudo, sem esquecer que a palavra final caberá ao Pontífice e a mais ninguém.
A reportagem é de Giovanni Panettiere, publicada por Qn, 10-07-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Enquanto isso, a navegação do Sínodo continua nas águas bem definidas da sinodalidade através da bússola do novo documento de trabalho que reúne as reflexões das Conferências Episcopais, das Igrejas Católicas Orientais, dos párocos reunidos nos últimos meses no Vaticano e de outras realidades eclesiais internacionais. Mais que fornecer respostas às muitas questões levantadas pelos católicos nos últimos três anos em que se desenvolveu o processo sinodal, o Instrumentumse concentra nos métodos e processos que a Igreja deveria utilizar para discernir os desafios da pós-modernidade, começando pela participação de todas e de todos.
Da base católica, no entanto, emerge a solicitação de superar definitivamente toda forma de clericalismo, depois o impulso em favor de uma descentralização tanto magisterial quanto de governo - inclusive solicitada pelo Papa na exortação Evangelii gaudium e na mais recente constituição sobre a Cúria Romana, Predicate Evangelium -, pede-se também uma plena transparência sobre os abusos na Igreja e, ao mesmo tempo, no exercício do poder-serviço e, finalmente, acima de tudo, ressoa um apelo para uma maior valorização dos leigos, também na administração dos sacramentos como o batismo.
Duas são as propostas mais incisivas no sinal do protagonismo laical: a introdução de um ministério instituído da escuta, em um contexto social cada vez mais marcado por sinais de desconforto e solidão, e a abertura da pregação durante a missa aos leigos. Sobre o diaconato feminino, o documento de trabalho limita-se a fazer um balanço do estado do debate intraeclesial: "Enquanto algumas Igrejaslocais pedem que as mulheres sejam admitidas no ministério diaconal", consta no Instrumentum, "outras reiteram sua contrariedade”. Nada está decidido, as discussões continuam, em um jogo que permanece aberto. Mas para o apito final, será preciso esperar até junho próximo, se as prorrogações permitirem. E não se trata apenas de uma questão de Europeus.