27 Mai 2024
Um padre e uma ativista nas redes sociais têm a explicação definitiva para o desastre ecológico que se abateu sobre o Rio Grande do Sul: a ira de Deus, porque os gaúchos, com seus terreiros de macumba, aderiram ao satanismo e à bruxaria.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Identificando-se como gaúcho, o padre Paulo Silva, da Paróquia São Vicente de Paulo em Nova Andradina, Mato Grosso do Sul, disse, em homilia numa “Missa Solidária em oração pelo Rio Grande do Sul”, no dia 8 de maio, postado ao lado de uma bandeira do seu Estado natal, que a culpa das enchentes é do próprio povo gaúcho por ter “abraçado a bruxaria e o satanismo”.
Não ficou só nisso. Disse, na homilia, que o povo gaúcho é “o mais ateu” do Brasil e que Porto Alegre tem mais centros de macumba do que todo o Estado da Bahia. “Há muito tempo, o meu povo tem se afastado de Deus. Deus não precisa mandar sofrimento para nossa vida porque Ele não faz isso, mas nós mesmos, às vezes, buscamos, na fragilidade humana, coisas ruins para nós”, disse o padre.
A influenciadora mineira Michele Dias Abreu, de 43 anos, seguida por mais de 30 mil perfis no Instagram, vai na mesma toada do padre: as enchentes no Estado gaúcho foram motivadas pela “ira de Deus” por causa da grande quantidade de “terreiros de macumba” na região. Ela se apresenta, nas redes sociais, como CEO de uma rede de laboratórios mineira, cristã, mãe, esposa, empreendedora e apaixonada por Jesus.
Michele Dias foi denunciada pelo Ministério Público de Minas Gerais por intolerância religiosa. Após a repercussão que sua postagem angariou, ela fechou o seu Instagram, tirou os vídeos do ar, bloqueou comentários e pediu desculpas. “Comentário totalmente infeliz e desnecessário”, admitiu.
Também o padre Paulo foi chamado na chincha pelo Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul, que abriu “notícia de fato” para apurar as declarações do padre.
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Cheias no RS é ira de Deus, diz padre gaúcho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU