18 Novembro 2022
Cavalo de Santo revela presença africana no segundo estado mais branco do país, revela a história e a formação das religiões, o racismo, a intolerância religiosa e a diversidade das principais linhas de fé.
(Foto: divulgação)
A reportagem é publicada por Extra Classe, 16-11-2022.
Após percorrer festivais de cinema no Brasil e no exterior e conquistar vários prêmios, o documentário longa-metragem Cavalo de Santo, dirigido pela fotógrafa Mirian Fichtner, tem estreia nacional na semana de 17 a 23 de novembro, sempre às 19h30min, na cinemateca Paulo Amorim, da Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre.
No dia 20 de novembro, data em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, contra a intolerância religiosa no Brasil, o filme entrará em cartaz na plataforma de streaming Globoplay.
Também estão previstas apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, São Luís, entre outras cidades brasileiras.
Inspirado no livro homônimo de Mirian, lançado pela Fundação Palmares em 2011, o filme retrata a força da fé afro-gaúcha.
O filme mostra a presença africana no segundo estado mais branco do país, aborda a história, formação das religiões, racismo, intolerância religiosa e apresenta a diversidade das principais linhas de fé cultuadas pelo povo de santo do RS, suas características regionais e diferenças existentes entre os rituais do sul e os que ocorrem no restante do Brasil.
Finalizado pela Cubo Filmes, tem roteiro e trilha sonora assinados pelo produtor cultural Carlos Caramez e marca a estreia de Mirian na direção de cinema e direção de fotografia com um longa-metragem.
Segundo a cineasta, o maior desafio foi “transpor a linguagem fotográfica e a densidade das cores do livro para a narrativa cinematográfica”.
O documentário é resultado de uma cuidadosa pesquisa sobre o assunto feita por Mirian e Caramez com mais de dez anos de duração. Na tela, o complexo das religiões afro-gaúchas destacando o Batuque, a Umbanda e a Quimbanda, com suas características e peculiaridades regionais e as diferenças existentes entre os rituais do sul e os que ocorrem no restante do Brasil.
Além disso, aborda a história e a formação das religiões afro, mostra a presença africana no segundo Estado mais branco do país, mostra o racismo, a intolerância religiosa e as diversas formas de luta do povo de religião para preservar seus cultos, manter sua cultura e sua fé.
Oficina de vivência para criança no Morro da Polícia. (Foto: divulgação)
O filme conta com a participação de nomes importantes da ancestralidade religiosa afro-brasileira no sul.
Traz depoimentos de antropólogos e sociólogos e teve como ponto de partida os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2000 e 2010, que apontaram o Rio Grande do Sul como o estado com maior número de terreiros e de fiéis declarados pertencentes a este segmento religioso, proporcionalmente ao número da população.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV), no mapa das religiões elaborado em 2011, confirmou Porto Alegre como a capital das religiões afro no Brasil.
Em segundo lugar está o Rio de Janeiro e em terceiro Salvador.
Esse dado tem causado muita surpresa e curiosidade entre os estudiosos e pesquisadores do tema.
O Rio Grande do Sul é o único estado brasileiro onde existe o Batuque, um segmento religioso coirmão do Candomblé, com raízes comuns na África, mas com diferentes adaptações no Brasil.
As religiões afro-gaúchas também influenciam todo o Cone Sul.
Muitas das casas de religião afro localizadas nesses países funcionam com pais ou mães de santo gaúchas ou com ialorixás e babalorixás latino-americanos formados no RS.
Cavalo de Santo foi ganhador de nove prêmios em festivais de cinema no Brasil: quatro Kikitos na 49º edição do Festival Internacional de Gramado (2021) – melhor filme, roteiro, trilha sonora e Júri Popular.
No 14º Festival Internacional da Fronteira de Bagé (2021) conquistou Melhor Fotografia.
No IV Festival de Cinema de Rua em Remígio/PB ganhou Melhor Fotografia, Som, Trilha Sonora e Direção de Arte.
Também entrou na seleção oficial em mais três festivais de cinema no Brasil e na França.
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Documentário mostra presença das religiões afro no Rio Grande do Sul - Instituto Humanitas Unisinos - IHU