Advertência do Conselho Mundial de Igrejas a Kirill: a Ucrânia não é uma “guerra santa”

O Patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa. (Foto: Wikimedia Commons)

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16 Abril 2024

  • Em uma declaração solene emitida neste fim de semana, o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Jerry Pillay, disse que o órgão "não pode conciliar o Decreto do 25º Conselho Mundial do Povo Russo que, adotado no fim de março, descreve o conflito na Ucrânia como uma "Guerra Santa".

  • Esse decreto, dirigido às autoridades legislativas e executivas russas, com a aprovação do chefe da Igreja Ortodoxa, o Patriarca Kirill, levantou "sérias preocupações entre os membros do CMI".

  • Pillay escreveu a Kirill solicitando esclarecimentos sobre se esse decreto deve ser entendido "como uma expressão da posição da própria Igreja Ortodoxa Russa", solicitando também "uma reunião urgente para discutir esse assunto".

A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 15-04-2024.

Em uma declaração solene emitida neste fim de semana, o secretário geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Jerry Pillay, disse que o órgão não pode conciliar o Decreto do 25º Conselho Mundial do Povo da Rússia que, adotado no fim de março, descreve o conflito na Ucrânia como uma "Guerra Santa".

O decreto, dirigido às autoridades legislativas e executivas russas e endossado pelo chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill, levantou "sérias preocupações entre os membros do CMI".

Entre elas, segundo a declaração, está o fato de que "o Conselho Mundial de Igrejas não pode conciliar a alegação de que 'a operação militar especial [na Ucrânia] é uma Guerra Santa' com o que ouvimos diretamente do próprio Patriarca Kirill, nem com o órgão governamental relevante do CMI".

"Escopo metafísico"

A esse respeito, lembra-se que, em uma reunião entre Kirill e Pillay, secretário geral do CMI, em Moscou, em maio de 2023, o Patriarca "disse que qualquer referência que ele tivesse feito à 'Guerra Santa' no contexto atual estava relacionada à esfera metafísica, não ao conflito armado físico na Ucrânia. De fato, ele concordou com o secretário geral do CMI que nenhuma guerra de violência armada pode ser 'santa'. O Decreto do 25º Conselho Mundial do Povo Russo contradiz essa posição.

Portanto, e "à luz das posições estabelecidas pelos mais altos órgãos de governo, o CMI não pode aceitar a apresentação no Decreto da invasão ilegal e injustificável da Rússia à sua vizinha soberana Ucrânia como 'uma nova etapa da luta de libertação nacional do povo russo contra o regime criminoso de Kiev'", nem a perspectiva de que "todo o território da Ucrânia moderna deve entrar em uma zona exclusiva de influência da Rússia".

Reunião urgente

Assim, Pillay escreveu a Kirill solicitando esclarecimentos sobre se esse decreto deve ser entendido "como uma expressão da posição da própria Igreja Ortodoxa Russa", pedindo também a realização de "uma reunião urgente para discutir o assunto e encontrar maneiras de abordar as preocupações levantadas pela irmandade".

Após a invasão russa ao território ucraniano em fevereiro de 2022, os mais altos órgãos de governo do CMI afirmaram com veemência que "a guerra é incompatível com a própria natureza e a vontade de Deus para a humanidade", chamaram a invasão de "ilegal e injustificável" e rejeitaram "qualquer uso indevido da linguagem e da autoridade religiosa para justificar a agressão armada e o ódio".

Nessas reuniões, esclareceu o CMI, a Igreja Ortodoxa Russa estava representada.

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