07 Novembro 2023
Se o trabalho de pessoas voluntárias em igrejas na Suíça fosse contabilizado, esse valor chegaria aos 150 milhões de francos suíços (cerca de 830 milhões de reais). A conta foi apresentada pela repórter Geneviève Butticaz, da Igreja Reformada.
A reportagem é de Edelberto Behs.
Mas, constata ela, apesar dessas pessoas disponibilizarem 36% do seu tempo às igrejas, o voluntário, a voluntária, “é uma espécie em extinção” no alvorecer do terceiro milênio. Ela pede, pois, aos pastores, às pastoras, que cuidem dessas pessoas, também as que virão. Elas “precisam ser revalorizados nos seus carismas e competência, e renovadas espiritualmente”.
É tempo, insiste a autora, de revalorizar o voluntariado “como trabalho não mercantil numa sociedade que é governada pela lei de dar e receber, que adora o deus Mamon e cuja esperança é alimentada pelo lucro a todo custo”. É um tesouro das igrejas.
Por outro lado, as igrejas Reformada, Católica Romana e Católica Cristã, reconhecidas na Suíça como de utilidade pública, temem perder, no cantão de Berna, mais uma fatia do imposto eclesiástico. O Conselho de Berna recebeu moção reivindicando que esse imposto, que já é facultativo às pessoas físicas, também o seja para as pessoas jurídicas.
Berna, cantão onde 46,1% da população é protestante e 14,6% são católicos, segundo dados de 2021, só a Igreja Evangélica Reformada recebe 30 milhões de francos por ano (cerca de 166 milhões de reais) desse imposto. “Se as igrejas perderem uma parte substancial dos seus rendimentos, serão forçados a fazer poupanças em muitas áreas”, contabilizou a presidente da família reformada, Judith Pörksen Roder.
O parlamentar Carlos Reinhard, defensor da proposta, argumenta que “este é mais um passo na separação entre Igreja e Estado”. Depois, alega ainda, “as igrejas falam cada vez com mais frequência sobre assuntos relacionados com política econômica, quase sempre assumindo posições contrária aos interesses das pessoas jurídicas”.
“É verdade”, admitiu Judith Roder. Ela frisou, contudo, que também é “dever da igreja se envolver em questões éticas”, que dizem respeito à sociedade. Mas a igreja que preside, frisou, nunca deu instruções de voto.
Esta não é a primeira vez que o imposto eclesiástico passa por questionamento no cantão de Berna. A cada legislatura ele entrou na pauta pelo menos nos últimos 15 anos, lembrou o chanceles da Igreja Reformada, Jan Gnagi. Ele destacou que os parlamentares devem entender que as igrejas prestam serviços públicos essenciais e que, “em caso de redução desses recursos devido a prejuízos fiscais, eles terão de ser financiados de uma forma ou de outra pelas autoridades publicas”.
A repórter Anne-Sylvie Sprenger, da Igreja Reformada, menciona esses serviços, do qual se beneficiam até mesmo pessoas afastadas das igrejas ou sem religião: centro de consulta para casais e famílias, trabalho com refugiados, ofertas para jovens e idosos, serviços de capelania em hospitais, escolas e ruas.
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O valor do trabalho voluntário para as igrejas de Berna - Instituto Humanitas Unisinos - IHU