Da tenda de Madame Tsetsege à do Sínodo

Madame Tsetsege e Papa Francisco (Foto: Religión Digital)

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04 Setembro 2023

  • Abraão, pai dos fiéis, é um nômade que, com sua tenda nas costas, obedece a Deus, que lhe promete que sua prole será mais numerosa do que as estrelas do céu.

  • "Façamos três tendas", dizem os discípulos, extasiados diante do Jesus transfigurado no monte Tabor.

  • E da igreja em forma de tenda na Mongólia à tenda, símbolo do Sínodo sobre a Sinodalidade.

  • Nossa fé é como uma tenda que carregamos conosco, que nos protege do sol e da chuva, e que nos proporciona um lugar para descansar e recuperar forças.

A reportagem é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 04-09-2023.

No Antigo Testamento, a tenda, também conhecida como Tabernáculo, era o ponto de encontro entre Deus e Seu povo. Portanto, foi construído de acordo com as instruções que Deus deu a Moisés no Monte Sinai: de linho e peles de animais, com três partes principais (pátio externo, o santuário e o lugar santíssimo).

Abraão, pai dos fiéis, é um nômade que, com sua tenda nas costas, obedece a Deus, que lhe promete que sua prole será mais numerosa do que as estrelas do céu. Fé, obediência e esperança. E seu estabelecimento, sempre aberta a qualquer caminhante. Abraão é um modelo para os crentes de todas as religiões. Sua história nos ensina que Deus está sempre conosco, mesmo nos momentos mais difíceis.

Madame Tsetsege e Papa Francisco (Foto: Religión Digital).

"Façamos três tendas", dizem os discípulos, arrebatados pelo Jesus transfigurado no monte Tabor. Porque, para Jesus, o caminhoneiro, e seus discípulos, a tenda é o símbolo da presença de Deus entre seu povo, um lugar de segurança e proteção, um lugar para reunir e louvar a Deus, enquanto recebe sua bênção.

O cristianismo é a religião dos caminhantes, dos peregrinos, dos que seguem Jesus. Com mochila e barraca. O caminho, o acompanhamento, a mochila e a tenda são figuras simbólicas poderosas dos seguidores do Nazareno, aquele que não tinha onde deitar a cabeça.

E a tenda está sendo um símbolo onipresente da visita do papa à Mongólia. Na verdade, a catedral dos 1.500 católicos do país tem o formato de uma tenda e, em uma tenda, o Papa quis se encontrar com a Sra. Tsetsege, a mulher que encontrou no lixo a estátua da Virgem rebatizada de "Mãe do Céu". Entronizada na catedral de Ulan Bator, é coberta com um manto feito de pedaços de pano enviados pela maioria dos fiéis e missionários mongóis.

Foto: Religión Digital.

E da igreja em forma de tenda, na Mongólia, à tenda, símbolo do Sínodo sobre a Sinodalidade. Porque era isso que o Papa queria que fosse o ícone do processo sinodal. Representa a natureza da Igreja como uma comunidade de discípulos caminhando juntos.

A tenda como lugar onde todos são bem-vindos, onde todos podem ser ouvidos e onde todos podem contribuir para a missão da Igreja, que caminha unida à escuta do Espírito.

Foto: Religión Digital.

Aquela tenda sinodal, símbolo de esperança e de futuro: "Ampliai o espaço da vossa tenda". Símbolo de que a Igreja é um lugar onde todos são bem-vindos, onde todos podem ser ouvidos e onde todos podem contribuir para a construção de um mundo mais justo e mais fraterno. E de uma Igreja-tenda e hospital de campanha, sempre em saída e peregrina, uma Igreja samaritana no meio do mundo. E com o horizonte do Reino.

Nossa fé é como uma tenda que carregamos conosco, que nos protege do sol e da chuva, e que nos proporciona um lugar para descansar e recuperar forças. Porque a fé cristã é uma experiência dinâmica e transformadora que nos leva a viver uma vida de esperança e serviço. Esse é o objetivo do processo sinodal, com o qual Francisco quer mudar e reformar a Igreja completamente, sem realizar um Concílio.

Foto: Religión Digital.

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