O Papa Francisco aceitou a renúncia de dom Richard Stika de Knoxville, Tennessee, em 27 de junho, após uma visita apostólica que investigou a má administração das finanças e casos de abuso nessa diocese. Enquanto isso, em 26 de junho, a Diocese de Tyler, no Texas, confirmou ao National Catholic Reporter que também foi alvo de uma recente visita apostólica.

A reportagem é de Colleen Dulle, publicada por America, 27-06-2023.

Em ambos os casos, rumores circularam por semanas sobre as visitas, mas a confirmação de fontes oficiais só veio após as elas serem concluídas. O Vaticano geralmente não comenta visitas apostólicas em andamento. O primeiro comentário do Vaticano sobre o processo geralmente é a notícia de uma decisão final - que, no caso de Knoxville, significou a renúncia do bispo.

Então, o que é uma visita apostólica e por que o processo é tão sigiloso?

Uma visita apostólica ocorre quando um ou mais representantes viajam a uma diocese, congregação religiosa ou cerimônia para investigá-la em nome do Vaticano. Conforme explicado pelo veterano correspondente do Vaticano, Gerard O'Connell, em um próximo episódio do podcast "Inside the Vatican": "A decisão de ter uma visita apostólica é um sinal de algo muito sério em uma determinada diocese... Significa que há algo realmente problemático nela".

No caso da diocese de Knoxville, o problema era a alegada má administração de casos de abuso e das finanças. Nenhuma fonte oficial confirmou o motivo da visita à diocese de Tyler, mas ocorre após dom Joseph Strickland, um crítico ferrenho do Papa Francisco, tuitar que "rejeita" o "programa do papa de minar o depósito da fé".

O site de notícias Religion News Service informou que núncio papal nos Estados Unidos, dom Christophe Pierre, havia confrontado anteriormente Strickland sobre sua conta no Twitter, que é polêmica e provocativa.

Uma visita apostólica é ordenada por um órgão do Vaticano, como a Dicastério para os Bispos, e os "visitantes" enviados para investigar são delegados pela Santa Sé. Geralmente são bispos ou especialistas em direito canônico.

Durante a visita, os delegados realizam uma revisão da governança da diocese ou instituto religioso e entrevistam pessoas dentro da instituição que estão familiarizadas com os problemas que motivaram a investigação. Em Tyler, o processo durou alguns dias ao longo de uma semana. Algumas visitas levam muito mais tempo: por exemplo, a visita apostólica das freiras americanas pelo Vaticano, que ocorreu simultaneamente a uma investigação doutrinária na Leadership Conference of Women Religious, uma das duas organizações-irmãs nos EUA. A visita durou de 2009 a 2014 e envolveu 90 visitas presenciais.

Após a visita ou as visitas, os delegados elaboram um relatório que é enviado ao dicastério vaticano que ordenou a visita, bem como ao Papa, que toma uma decisão final sobre que ação, se houver, é necessária.

A investigação nem sempre envolve a remoção de alguém, como ocorreu em Knoxville; por exemplo, no caso das freiras americanas, ambas as investigações foram encerradas sem grandes mudanças.

O Vaticano não possui uma lista publicamente disponível das visitas apostólicas realizadas nas últimas décadas, mas elas são comuns: uma reportagem de 2014 do Global Sisters Report rastreou 10 visitas de destaque em um período de 25 anos.

Quanto ao que pode acontecer na Diocese de Tyler, O'Connell disse que o pronunciamento do bispo sobre o papa minar a fé foi "uma linha vermelha", de acordo com suas fontes no Vaticano, e que "não seria surpreendente se eles voltarem e o prelado precisar voltar atrás em sua declaração".

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