25 Janeiro 2023
- Bispos Rainer Maria Woelki, de Colônia; Bertram Meier, de Augsburg; Stefan Oster, de Passau; Rudolf Voderholzer, de Regensburg, e Gregor Maria Hanke, de Eichstätt, apresentaram uma bateria de perguntas à Santa Sé;
- Parolin, Ouellet e Ladaria deixam claro que "nem o Caminho Sinodal, nem um órgão por ele instituído, nem uma conferência episcopal têm competência para estabelecer o 'Conselho Sinodal' em nível nacional, diocesano ou paroquial";
- O presidente dos bispos alemães assegura que “o Conselho Sinodal se moverá de acordo com o mandato contido, dentro do atual direito canônico”;
- “Não são questões principalmente dogmáticas, mas questões de cultura sinodal vividas na deliberação e na tomada de decisões conjuntas. Ninguém questiona a autoridade do episcopado”, acrescenta Bätzing.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 24-01-2023.
Os bispos alemães são obrigados a participar do Caminho Sinodal? Esta foi a pergunta formal apresentada em dezembro pelos bispos Rainer Maria Woelki, de Colônia; Bertram Meier, de Augsburg; Stefan Oster, de Passau; Rudolf Voderholzer, de Regensburg, e Gregor Maria Hanke, de Eichstätt, perante a Santa Sé. A resposta conjunta dos cardeais Parolin, Ladaria e Ouellet (supostamente aprovada pelo Papa), datada de 16 de janeiro, não deixa margem para dúvidas: "Nem o Caminho Sinodal, nem um órgão por ele instituído, nem uma conferência episcopal têm competência para estabelecer o 'Conselho sinodal' em nível nacional, diocesano ou paroquial".
Assim que o conteúdo da carta foi conhecido, o presidente da Conferência Episcopal, Georg Gätzing, reagiu , garantindo que “o Conselho Sinodal se moverá de acordo com o mandato contido, dentro do direito canônico atual”.
Dentro da Igreja alemã há desconforto com a iniciativa dos cinco prelados, mas também com a resposta dos três membros dos departamentos vaticanos com quem o Plenário do episcopado alemão já teve um encontro tenso em novembro passado, em Roma. E é que tanto Parolin quanto, especialmente, Ladaria e Ouellet, se opõem aos passos dados pelo 'Caminho Sinodal Alemão'.
"Expresso conhecimento e aprovação" do Papa Francisco
E a resposta a algumas "perguntas legítimas e necessárias sobre o Comitê Sinodal" destes cinco bispos, com o "expresso conhecimento e aprovação" do Papa Francisco, apenas aprofunda o fosso existente entre aqueles que buscam maior liberdade de opinião e aqueles que acredito que isso significa quebrar a comunhão.
Segundo a carta do Vaticano, os bispos perguntaram se estavam obrigados ou autorizados a participar do Comitê Sinodal, porque a Santa Sé havia deixado claro em junho passado que o Caminho Sinodal não tinha poder "para comprometer os bispos e os fiéis ao adoção de novas formas de governo e novas orientações doutrinárias e morais".
A carta de Ladaria, Ouellet e Parolin acrescenta que o Conselho Sinodal parece estar “acima da autoridade de cada bispo em sua diocese” e eles estão “abertos a continuar um diálogo mais profundo” que já começou durante a visita ad limina.
Bätzing: "A consulta sinodal é fortalecida"
Em resposta, Bätzing chamou a preocupação do Vaticano de "infundada". “A Santa Sé vê o perigo de um enfraquecimento do ofício episcopal, embora eu experimente a consulta sinodal como um fortalecimento deste ofício”, disse o presidente dos bispos alemães, que acrescentou que o debate com Roma será retomado “no devido tempo”. tempo".
Bätzing também revelou seu espanto pelo fato de o Vaticano falar em um "Concílio Sinodal", embora os bispos alemães “ainda não puderam falar com Roma sobre o conteúdo e os objetivos da consulta sinodal em todos os níveis da Igreja de nosso país”.
"Não se trata principalmente de questões dogmáticas, mas de questões de cultura sinodal vividas na deliberação e na tomada de decisão conjunta. Ninguém questiona a autoridade do episcopado", esclarece o presidente da Conferência Episcopal Alemã, que convida a "desenvolver uma cultura da sinodalidade", e acrescenta que "o Comité Sinodal não é questionado pela carta romana".
A maioria dos bispos seguirá em frente
“Acolheremos o convite da carta para falar oportunamente com Roma”, conclui a carta de Bätzing, acrescentando que “o processo atual reforça minha consciência de que a cooperação iniciada no Caminho Sinodal deve continuar como experiência de partilha da responsabilidade. Não podemos delegar essas experiências. Por isso, agradeço que grande parte do Conselho Permanente tenha reafirmado a vontade de aplicar a decisão da Assembleia Sinodal no Comitê Sinodal e de iniciar consultas".
A maioria dos bispos alemães reformistas justificou sua participação no "caminho sinodal" e a consequente perda de poder dizendo que era uma expressão de sua autoridade episcopal renunciar voluntariamente ao poder, um argumento não captado nos argumentos do Vaticano. Por enquanto, a crise parece longe de terminar.
Leia mais
- Arquiteto do 'caminho sinodal' diz que táticas políticas aumentaram a pressão por mudanças
- Caminho sinodal entre Alemanha e Vaticano
- A forma do encontro e os argumentos em campo: episcopado alemão e cúria romana. Artigo de Andrea Grillo
- A Igreja alemã pede reformas em Roma
- Igreja Católica alemã fortalece direitos de empregados LGBT
- Alemães ad limina: convergências paralelas. Artigo de Lorenzo Prezzi
- Alemanha: a reorganização dos seminários. Uma avaliação
- “A Igreja dá prova de hipocrisia em relação à sexualidade. Mas o caminho sinodal da Igreja alemã sofre de miopia”
- As reformas da igreja não resolvem a crise da fé. Drewermann, o crítico da igreja, completa 80 anos
- Eugen Drewermann entre Jesus e Freud
- O retorno de Drewermann
- “O problema do abuso radica no silêncio, na transferência e o não acesso à justiça do Estado”, avalia teólogo Eugen Drewermann
- "Drewermann, 'suspenso a divinis', é um profeta", afirma bispo alemão. Entrevista com Eugen Drewermann
- Caminho sinodal, o Vaticano e os bispos alemães tomam nota de seu desacordo
- Confronto sobre o Caminho Sinodal
- Vaticano, encontro entre Papa e bispos alemães termina empatado: a revolução para as mulheres padres e os casais homossexuais na Alemanha continua
- Visita ad limina: bispos alemães são recebidos pelo Papa Francisco durante duas horas
- O Papa se reúne por duas horas com os bispos alemães, deixando o debate sobre o Caminho Sinodal para sexta-feira
- Alemanha: bispos apresentam no Vaticano a admissão de homossexuais ao sacerdócio
- Os impulsos centrífugos que preocupam Roma: a semana-chave da Igreja nos Estados Unidos e na Alemanha
- Os bispos alemães apelam à “unidade” na sua visita ao Vaticano, mas recordam que a meta do caminho da fé é Jesus Cristo, não Roma
- Bispos alemães em visita ad limina. Artigo de Marcello Neri
- A Igreja e o sexo: bispo alemão quer reformas
- Os bispos alemães desembarcam em Roma com o Caminho Sinodal como um dos temas a serem examinados
- O cardeal Kasper novamente critica o Caminho Sinodal alemão
- “Grande consternação” na Alemanha após a crítica de Kasper ao Caminho Sinodal
- Alemanha. Caminho Sinodal continua chamando a atenção de Roma
- Alemanha: Caminho Sinodal não aprova texto-base sobre moral sexual
- A Igreja alemã envia a Roma as primeiras conclusões de seu “Caminho Sinodal”
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Cisma na Igreja Alemã? Cinco bispos recorrem ao Vaticano para não participar do "Caminho sinodal" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU