07 Janeiro 2023
"Por força e iluminação do Espírito Santo, nesse dia encaminhou-se para o templo um homem de idade avançada, que vibrou ao reconhecer naquela frágil criança a definitiva realização de todas as promessas divinas! Era Simeão, um velho conhecido dos habitantes de Jerusalém, a quem Deus garantira não morrer sem antes contemplar a face do Redentor há muito prometido", escreve João J.C. Sampaio, graduado e mestre em Filosofia pelas Faculdades Anchieta/SP e UNIMEP – SP, respectivamente. É também formado em Teologia, pelas Faculdades Associadas do Ipiranga, e mestre em Teologia Dogmática, pela FAI/São Paulo.
Regressando aos meus tempos infantis, lembrei-me de um costume muito comum entre a nossa gente e, normalmente, aceito pela Igreja local. Não sei se era norma estabelecida ou um hábito particularizado, mas quando se levava uma criança para receber o Batismo, além dos padrinhos, havia uma terceira pessoa que cumpria a função de apresentar o batizando. Na maioria das vezes, o(a) apresentador(a) era um santo ou santa da devoção do casal que solicitava à Igreja o Batismo para o filho ou para filha. Imagino que tal procedimento deva ter alguma raiz na apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, quando se completaram os seus primeiros quarenta dias de vida, com uma diferença: eram os pais os responsáveis por essa função ao nascer o primeiro filho, do sexo masculino, literalmente.
De fato, segundo o testemunho do Evangelista Lucas, a mãe Maria, obedecendo ao que prescrevia a lei de Moisés, foi na companhia do esposo José cumprir os rituais de purificação e apresentar o primogênito Jesus ao Senhor (Lc.2, 22-24). Ao contrário do que poderia ter acontecido, Jesus, o Filho de Deus, não recebeu por parte dos representantes do templo uma recepção calorosa. Talvez tenha sido considerado um qualquer que lá era apresentado, com a frieza da determinação legal. Afinal, tratava-se de mais um garoto pobre como outros tantos de Israel, cujos pais não podiam oferecer em sacrifício mais que um par de rolas ou dois pombinhos. Era o que prescrevia a lei mosaica.
Mas, por força e iluminação do Espírito Santo, nesse dia encaminhou-se para o templo um homem de idade avançada, que vibrou ao reconhecer naquela frágil criança a definitiva realização de todas as promessas divinas! Era Simeão, um velho conhecido dos habitantes de Jerusalém, a quem Deus garantira não morrer sem antes contemplar a face do Redentor há muito prometido. Fez mais: além de contemplar, extasiou-se de felicidade e O carregou em seus braços já debilitados. Uma profetiza de nome Ana também o reconheceu e não se cansou de proclamar a respeito do que viria a ser aquele Menino. Interpreta-se, comumente, que nessa passagem evangélica encontramos o velho cedendo ao Novo o seu lugar, mas gostaríamos de contemplar também, nesse casal avançado em anos, a maturidade de parte do povo que se encontrava em condições de receber emocionado e agradecido o Filho de Deus. Há um detalhe importante: diferentemente dos pastores e dos magos, esse casal piedoso aguardava com ansiedade a manifestação divina.
Por outro lado, mais uma vez, os que representavam o povo e conheciam as Escrituras não estavam presentes. É bom notar, inclusive, que Simeão e Ana vieram ao templo nessa hora privilegiada (Lc. 2, 27 e 38).
Agora, chegou a nossa vez de ir ao encontro do Senhor e de ocupar o lugar desse casal. Como também reconhecemos na pessoa de Jesus a luz para iluminar as nações, temos de manifestar a nossa profunda alegria e anunciar, por palavras e obras, a salvação presente e atuante em nosso meio. Hoje, somos nós os seus apresentadores!