Joinville, e a professora do Iesluc foi demitida

Foto: IELUSC

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24 Outubro 2022


 
Embora a direção do Bom Jesus – Ielusc, mantenedora da Faculdade de Comunicação, tivesse contestado a informação de que a professora Maria Elisa Maximo tivesse sido demitida quando estava apenas afastada, a instituição demitiu-a, depois de duas semanas, o que foi de conhecimento da comunidade acadêmica na terça-feira, 18. Procurada, a direção do Ielusc remeteu à assessoria de imprensa, que não teve nada a declarar e sequer confirmou ou não a demissão da professora.
 
“É dever das instituições, ainda mais daquelas que têm a missão e o dever de educar, garantir meios de ensinar e transmitir valores de respeito à diversidade de opiniões, de formas de pensar e de se manifestar. É inadmissível que, em um estado democrático de direito, qualquer cidadão sofra represálias a partir da expressão pública de suas ideias”, diz nota da Associação Brasileira de Antropologia, através de sua Comissão de Direitos Humanos em apoio à professora.

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
 
A Dra. Elisa foi docente da instituição por 15 anos e era admirada pelos estudantes. Ela passou a sofrer perseguição política na cidade depois de postar em sua rede pessoal comentário sobre a visita do candidato Jair Bolsonaro a Joinville, no dia anterior à eleição do primeiro turno.
 
O diretor da instituição, Sílvio Iung, em contato anterior, disse que não se tratava de questão política, “mas a nota feriu o orgulho joinvillense”.  Um print do tuíte da professora viralizou e entrou na pauta da Câmara de Vereadores da cidade, quando o presidente da casa, Maurício Peixer (PL), definiu a fala da professora como “discurso de ódio”.
 
Para a Associação de Antropologia “resulta chamativo que a decisão de cercear o exercício profissional de educação venha de uma instituição que manifesta como missão ‘educar pessoas para o desenvolvimento humano, social e sustentável, por meio de vivências diversas, em um ambiente acolhedor’”, como o Bom Jesus – Ielusc anuncia em seu portal. A instituição integra a Rede Sinodal de Educação, ligada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
 
Ainda no dia 18, estudantes do Ielusc fizeram uma manifestação de apoio à professora demitida no pátio do complexo que abriga a Igreja da Paz e as dependências da escola e da faculdade. O candidato ao governo do Estado de Santa Catarina, Jorginho Mello, espalhador de desinformação, postou em rede social:

- Na madrugada de ontem (madrugada!!!) militantes de esquerda invadiram o Instituto de Ensino Luterano e o templo local em Joinville. Uma cena deplorável, de verdadeiro desrespeito a todos os cristãos e a todos os cidadãos de bem.
 
A postagem recebeu 5.728 curtidas até o início da tarde de quarta-feira, 19, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. A direção da Paróquia da Paz emitiu nota informando que em nenhum momento houve “invasão de nenhum espaço da Igreja da Paz, antes ou durante o ato estudantil... A Igreja da Paz compartilha a área com a instituição de ensino, o que gerou incômodo durante o culto (tradicional das terças-feiras à noite) em andamento, em razão do barulho e na saída dos participantes”.
 
O g1 de Santa Catarina tentou contado com Jorginho Mello, mas não obteve retorno. Um dos organizadores da manifestação, o professor Chico Aviz, negou para a reportagem da Folha de S. Paulo qualquer participação da CUT ou do PT no evento. “O que houve foram manifestações individuais de pessoas que participaram da ação levando bandeiras partidárias e adesivos”.
 
Também o movimento estudantil arrolou, em nota, que fizeram “um protesto defendendo a liberdade de expressão. A instituição, bem como os prédio da faculdade... foram ocupados. Ao final, os manifestantes fizeram algumas falas no estacionamento. O ato, como um todo, durou cerca de uma hora”.
 
O movimento estudantil, diz a nota, “foi apenas e especificamente para demonstrar insatisfação com a instituição quanto à demissão e ao seu posicionamento neutro, sem nenhum tipo de blindagem aos seus colaboradores. Não é a primeira vez que um episódio como este acontece. Há alguns anos que professores, que não se posicionam de acordo com o que a instituição prega, são demitidos”.
 
Na quarta-feira, 19, foi a vez de pais de alunos, convocados por movimentos de direita, se manifestarem em frente à instituição, em defesa da faculdade, informa Hassan Farias, do site NSC Total.

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