21 Outubro 2022
"Então, Bolsonaro sendo Bolsonaro, joga a culpa nos outros, que, por má-fé, desvirtuaram o que ele disse, porque ele não disse o que disse, que as meninas, todas bonitinhas, de seus lá 14, 15 anos, estavam se arrumando para fazer programa, ou seja, 'queriam dar o furo', como insinuou em outra ocasião a uma jornalista mulher", escreve Edelberto Behs, jornalista.
Depois de sentir a caca que gerou com o “pintou um clima” ao se reportar que viu três ou quatro meninas de 14, 15 anos, no bairro São Sebastião, no Distrito Federal, vinculando-as à prostituição infantil, o presidente Jair Bolsonaro mais do que depressa tentou dizer que não disse o que disse. Foram palavras tiradas do contexto, alegou.
Ainda na madrugada de 16 de outubro, ele fez uma transmissão ao vivo no Facebook quando acusou o PT de “recortar pedaços” do vídeo para esculhambar a sua imagem.
Um mês antes do comentário maldoso que viralizou, o presidente participou do Podcast Collab, com influenciadores evangélicos. Ele relatou nesse encontro, e disse, com todas as letras, que as meninas estavam “todas bem arrumadas”, “estavam bem arrumadas para quê?” Para “fazer programa”, pois assim ganhavam a vida.
Agora, toda a baixeza do presidente ficou registrada num vídeo que gravou junto com a primeira-dama e a “embaixadora” Maria Teresa Belandria, em que se dirige aos “prezados irmãos e irmãs venezuelanas” (quanta ironia, pois sempre fala com desprezo daquele país), como que num pedido de desculpas não pelo que ele disse e atribuiu às “meninas venezuelanas, todas bonitinhas”, mas pelo que os outros fizeram da fala presidencial.
- Se as minhas palavras que, por má-fé, foram tiradas de contexto, de alguma forma, foram mal-entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas irmãs venezuelanas, peço desculpas, já que meu compromisso foi o de melhor acolher e atender a todos que fogem de ditaduras pelo mundo.
Então, Bolsonaro sendo Bolsonaro, joga a culpa nos outros, que, por má-fé, desvirtuaram o que ele disse, porque ele não disse o que disse, que as meninas, todas bonitinhas, de seus lá 14, 15 anos, estavam se arrumando para fazer programa, ou seja, “queriam dar o furo”, como insinuou em outra ocasião a uma jornalista mulher.
- As palavras que eu disse refletiram uma preocupação da minha parte no sentido de evitar qualquer tipo de exploração de mulheres que estavam vulneráveis.
Quanta infâmia! Até a embaixadora que aparece no vídeo é “fake”. Maria Teresa Belandria é advogada. Ela não tem carreira diplomática e nunca foi nomeada pelo governo da Venezuela como representante do país no Brasil, segundo matérias dos jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo. Maria Teresa é “embaixadora” de quem tentou usurpar o governo da Venezuela, Juan Guaidó, e se prestou a aparecer num vídeo para livrar a cara de um caluniador.
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Até a embaixadora é de mentirinha. Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU