31 Agosto 2022
Em comemoração aos 500 anos do “Achtliederbuch”, uma coleção de oito canções do reformador Martim Lutero impressas em panfletos em 1524, a Federação Luterana Mundial (FLM) prepara o hinário Global Book of Eight Songs 2024 Lutheran Hymns and Rites 2024 (Livro Global das Oito Canções).
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O hinário trará uma coleção de hinos e elementos litúrgicos das igrejas da África, Ásia, Europa, América Latina e Caribe, América do Norte, mostrando um mosaico da expressividade cristã na linguagem e sons contemporâneos.
A música é “uma expressão holística da fé”, define o músico e compositor de jazz Dr. Uwe Steinmetz, vinculado ao Instituto de Estudos Litúrgicos da Igreja Evangélica Luterana Unida na Alemanha e que integra a comissão do hinário 2024.
“O projeto vai até meados de 2024, mas já posso dizer que um dos insights mais importantes de Martim Lutero está confirmado, que ‘ao lado da Palavra de Deus, a nobre arte da música é o maior tesouro do mundo’”, disse Steinmetz em entrevista ao serviço de imprensa da FLM. A música, acrescentou, é “uma extensão da oração além das palavras”.
O livro não é um hinário tradicional. Ele trará arranjos modernos de canções tradicionais e novas que tratam de temas e questões contemporâneas, vistas a partir de diferentes tradições culturais.
O músico cresceu no norte da Alemanha, estudou na Índia e nos Estados Unidos e conheceu experiências litúrgicas em contato com igrejas na Etiópia, Brasil, Europa do Norte e do Leste. Em muitos desses contextos Steinmetz experimentou liturgias que abrigam o jazz e o blues há décadas.
“Historicamente, muitas canções espirituais ou corais tornaram-se parte do mundo da música contemporânea em geral, variando de cantatas de Bach a espirituais, gospels e canções de protesto que tinham raízes na igreja como, por exemplo, a canção ‘We will over’, nos Estados Unidos”, explicou Steinmetz.
Dos Estados Unidos vêm, no entanto, o alerta de que o canto comunitário está perdendo eco em igrejas do país. “Muitas igrejas, infelizmente, não estão mais priorizando o cantar juntos como parte dos cultos hoje”, lamentou o músico e letrista Keith Getty para o portal do The Christian Post.
Ao longo das Escrituras, contabilizou Getty, a ordem de cantar aparece mais de 400 vezes. Lutero, lembrou o letrista, dizia que a música era “um dom de Deus a ser nutrido e usado pelo homem para seu deleite e edificação, como meio de louvar o Criador e como veículo para a proclamação da Palavra de Deus”.
Getty mencionou a estatística do National Congregation Study para embasar sua conclusão. Ela aponta que em 1998, 54% das igrejas americanas tinham um coral; em 2018, esse número caiu para 42%. “No lugar dos coros, que costumam servir de catalisador para a educação musical e a promoção do canto entre todas as idades, muitas igrejas optaram por ter músicos treinados se apresentando em um palco, enquanto os fiéis ouvem em vez de cantar junto”, constata o músico.
“Nossa responsabilidade como crentes em Deus é cantar juntos”, instigou Getty. Steinmetz concorda. Para ele, a música é “uma expressão holística da fé”. Já Getty reporta-se ao apóstolo Paulo na carta aos Efésios, que instrui os crentes a se dirigiram uns aos outros em “salmos, hinos e cânticos espirituais”.
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Luteranos preparam um hinário global para 2024 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU