06 Outubro 2022
A Faculdade IELUSC, de Joinville, vinculada à Rede Sinodal de Educação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB), demitiu a professora e pesquisadora Maria Elisa Máximo, que trabalhou por 15 anos na instituição. Motivo da demissão: a postagem no Twitter, em sua conta pessoal, de comentário sobre o acolhimento da cidade ao candidato do PL.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Joinville sendo o esgoto do bolsonarismo, pra onde escoou os resíduos finais da campanha do imbroxável inominável. Não tem quem escape: há gente brega, feia e fascista pra todos os lados”. Bolsonaro realizou a última motociata antes da eleição do domingo em Joinville.
Em comunicado informando a comunidade o desligamento da professora, a direção do IELUSC explicou que “o posicionamento institucional é de neutralidade política, por ser apartidária”.
A direção argumentou, no comunicado, que informou ao corpo docente e funcionários, no dia 12 de agosto, que evitassem “posicionamentos pessoais [que] possam ser vinculados como sendo de nossa instituição educacional, sobretudo na sala de aula ou em mídias e grupos acessados por estudantes e/ou pais; e evitar deixar-se influenciar pelas emoções ingressando em debates improdutivos, em especial quando você ou seu interlocutor utilizam achismos e generalizações como argumentos”.
Docentes fundantes do curso de Comunicação Social da instituição emitiram nota de solidariedade à professora demitida. “A Faculdade IELUSC prefere se posicionar à margem do processo político que vivemos, se declara ‘apartidária’ e se orgulha de sua ‘neutralidade política’. Martinho Lutero poderia ter feito isso em 1520, mas não teve medo das ideias que defendia e nada retratou das críticas a uma igreja que havia se corrompido. A herança de Lutero é hoje vilipendiada pela administração do IELUSC”, diz a nota dos fundantes.
Também estudantes e ex-estudantes da instituição emitiram mensagens de solidariedade à professora demitida. “Povo do Ielusc, a profa. Maria Elisa Máximo está exilada por conta de um tweet. Temos que prestar solidariedade a ela denunciando claramente a perseguição e a violência política. E cobrando da instituição a proteção e amparo a uma de suas docentes mais engajadas e brilhantes”, diz mensagem de uma estudante.
Quando a estudante afirma que a professora está exilada, não falta com a verdade. A professora não sai de casa, sob ameaça de violência física contra ela, suas duas crianças e seu companheiro.
Também o Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Sinsej) manifestou solidariedade à professora Maria Elisa. “Todo cidadão tem o direito de expressar suas opiniões e posições em suas redes pessoais”, direito assegurado pela Constituição. A professora exerceu esse direito em sua conta pessoal em rede social “e desde então ela e sua família sofrem com ataques vindos de todos os lados”, expressa a nota do Sindicato, que pede a reintegração da professora ao quadro docente do IELUSC.
Também a instituição que procura, como diz, “manter boas práticas no ambiente profissional amparado em um Código de Ética e Conduta”, abandonou a professora. Quem assim age “apartidariamente” já tomou partido.
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Instituição de Joinville demite professora por posicionamento político - Instituto Humanitas Unisinos - IHU