Cardeal Hollerich, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE), envia carta a Kirill

Jean-Claude Hollerich (Foto: Reprodução Vatican News | YouTube)

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

11 Março 2022

 

"Compartilhando os sentimentos de angústia e preocupação repetidamente expressos pelo Papa Francisco pelos 'rios de sangue e lágrimas derramados na Ucrânia', ouso implorar a Sua Santidade no espírito de fraternidade: por favor, dirija um apelo urgente às autoridades russas para que cessem imediatamente as hostilidades contra o povo ucraniano e mostrem boa vontade para buscar uma solução diplomática para o conflito, baseada no diálogo, no bom senso e no respeito ao direito internacional, permitindo corredores humanitários seguros e acesso irrestrito à assistência humanitária", escreve o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo, que, desde 2018, é presidente da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE), em carta dirigida ao Patriarca Kirill, publicada por Settimana News, 10-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis a carta.

 

Bruxelas, 8 de março de 2022

 

Santidade, é com profunda dor no coração que me dirijo ao senhor hoje como Presidente da Comissão das Conferências Episcopais Católicas da União Europeia (COMECE) e como irmão fiel em Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Com o coração partido, ouvimos as vozes de nossos irmãos e irmãs que sofrem com a loucura da guerra na Ucrânia, cujas terríveis consequências estão diante de nossos olhos. Milhares de pessoas - tanto soldados quanto civis - já perderam a vida e mais de um milhão de pessoas foram deslocadas ou fugiram de sua terra natal, a maioria mulheres e crianças.

 

Enquanto os violentos ataques atingem a Ucrânia e seu povo com maior força a cada dia, e a necessidade de assistência humanitária aumenta dramaticamente de hora em hora, os esforços diplomáticos até agora não tiveram sucesso. Além disso, à medida que palavras e ações continuam a se intensificar, não pode ser descartada a possibilidade de um mais amplo conflito europeu ou até mesmo global com consequências catastróficas.

 

Nestes momentos sombrios para a humanidade, acompanhados de intensos sentimentos de desespero e medo, muitos olham para o senhor, Sua Santidade, como alguém que poderia trazer um sinal de esperança para uma solução pacífica para este conflito.

 

Em 2016, o senhor deplorou junto com Sua Santidade o Papa Francisco "a hostilidade na Ucrânia, que já causou muitas vítimas, infligiu inúmeras feridas aos habitantes pacíficos e mergulhou a sociedade em uma profunda crise econômica e humanitária" - solicitando a ações destinada a construir a paz e a solidariedade.

 

Por favor, não deixe que essas palavras poderosas sejam em vão.

 

Compartilhando os sentimentos de angústia e preocupação repetidamente expressos pelo Papa Francisco pelos "rios de sangue e lágrimas derramados na Ucrânia", ouso implorar a Sua Santidade no espírito de fraternidade: por favor, dirija um apelo urgente às autoridades russas para que cessem imediatamente as hostilidades contra o povo ucraniano e mostrem boa vontade para buscar uma solução diplomática para o conflito, baseada no diálogo, no bom senso e no respeito ao direito internacional, permitindo corredores humanitários seguros e acesso irrestrito à assistência humanitária.

 

Como Sua Santidade salientou durante seu recente encontro com o Núncio Apostólico na Federação Russa, “a Igreja pode ser uma força pacificadora”. Neste tempo de Quaresma, como cristãos, proclamando o mesmo Evangelho e orando ao mesmo Deus, que é o Deus da paz e não da guerra, oremos e façamos o nosso melhor para ajudar a pôr um fim a esta guerra insensata para que a reconciliação e a paz possam retornar ao continente europeu.

Respeitosamente seu em Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Leia mais