21 Mai 2021
“#Rezamos juntos hoje pelas vítimas da crise climática e continuamos a trabalhar para que a Terra seja verdadeiramente uma casa comum onde todos possam ter o próprio lugar #SettimanaLaudatoSi”. Esse é o convite do Papa, divulgado através da conta do Twitter @pontifex por ocasião da Semana dedicada à Encíclica Laudato si'. E a crise climática é uma das principais causas do êxodo forçado de milhões de pessoas relatado hoje pelo relatório do Centro Internacional de Monitoramento de Deslocamentos (Idmc). De acordo com o levantamento, 55 milhões de pessoas, pressionadas pelas mudanças climáticas, guerras, secas e fome, perdem suas casas e abrigo. Os dados, referentes a 2020, mostram um aumento em relação ao ano anterior. Mais do que em 2019.
A reportagem é publicada por L'Osservatore Romano, 20-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nem mesmo a pandemia, de fato, deteve a onda humana impulsionada pelas guerras e pela fome. Provavelmente, aliás, a acelerou. Muita gente foge de conflitos, secas, desastres naturais, estes últimos cada vez mais parte da normalidade. São os deslocados internos, aqueles que vagueiam pressionados pelas necessidades de sobrevivência sem deixar sua região de origem. Pescadores, fazendeiros, camponeses. Secas e tufões, mas também territórios divididos entre o controle do Estado e o dos grupos armados, afetam as condições mínimas de subsistência.
O Idmc de 2019 registrou a cifra de 45,7 milhões de pessoas em fuga. Um número que deveria ter sido segurado pela pandemia: pelas restrições aos movimentos mas, sobretudo, pela dificuldade de coletar dados atualizados. Em vez disso, a situação piorou. E, alertam os próprios autores do relatório, certamente está subestimado.
O ano de 2020, portanto, foi também o ano de maior insegurança para as pessoas que foram privadas da normalidade de vida e empurradas para fora de seu teto. E os desastres climáticos são a principal causa do desastre: em 2020, alerta o relatório, 30,7 milhões de pessoas deixaram suas casas devido a desastres naturais e outros 9,8 milhões devido a conflitos e violência. Uma insegurança global que aumenta ano após ano. O Idmc também divulgou gráficos de previsão sobre essas migrações internas. A tendência, país a país, é de crescimento. A avaliação dos autores do relatório é que o ritmo de expulsões de pessoas de áreas de risco climático e de conflitos tenha acompanhado o ritmo de um fugitivo por segundo.
“Os números deste ano são excepcionalmente altos”, alertou a diretora do Idmc, Alexandra Bilak. Para se ter uma ideia da situação, os deslocados internos chegam a ser o dobro dos refugiados, ou seja, pessoas forçadas a fuga definitiva para além da fronteira. De fato, existem cerca de 26 milhões de refugiados. Os dados, portanto, confirmam que as mudanças climáticas, tufões, secas, degelos, estão se tornando a primeira fronteira de uma emergência global.
O mapa climático da crise ambiental é traçado por ciclones intensos (como o que varreu a Índia já penalizada pelo Covid) e por inundações que atingiram áreas altamente expostas e densamente povoadas na Ásia e no Pacífico. A temporada de furacões no Atlântico, também disse Bilak, "foi a mais movimentada já registrada". E o Oriente Médio e a África Subsaariana também foram afetados por uma estação de chuvas que "desarraigou outros milhões de pessoas".
Enquanto o mundo se encaminha para a Conferência do Clima de Glasgow em outubro, com a intenção de curar o planeta, aqueles 55 milhões de pessoas em fuga da casa comum em chamas lembram que o tempo está se esgotando.
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Cinquenta e cinco milhões de pessoas em fuga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU